Geração Z: muito além das críticas
Um potencial a ser descoberto
David Braga é CEO, board advisor e headhunter da Prime Talent
A geração Z, nascida entre 1997 e 2012, é a primeira a experienciar a vida totalmente imersa no universo digital. Essa imersão moldou profundamente suas habilidades, valores e expectativas, criando uma força de trabalho com características únicas, muitas vezes mal compreendidas e injustamente criticadas. Em um mundo corporativo que clama por diversidade e inclusão, ignorar essa geração é não apenas um equívoco, mas também uma oportunidade perdida de crescimento e inovação.
Essa geração domina a comunicação digital, expressando-se com fluidez em diversas plataformas e formatos online. Embora o contato presencial ainda precise de aprimoramento, sua criatividade se destaca na reinvenção de conteúdos e no uso inovador da tecnologia. O fácil o à informação estimula a originalidade, mas exige maior discernimento e curadoria.
Se cada vez mais as empresas buscam aplicar a inovação, é preciso lembrar que a geração Z é digitalmente nativa e altamente inovadora. Ignorar suas ideias e perspectivas impede a incorporação de novas tecnologias e abordagens, limitando a capacidade da empresa de se adaptar e se manter competitiva. É preciso tomar cuidado com os estereótipos. A geração Z não apresenta problemas inerentes de comunicação ou criatividade. As habilidades são diferentes, refletindo um ambiente que os moldou.
Muitas críticas refletem uma falta de compreensão sobre suas particularidades, demandando uma adaptação das metodologias de avaliação e comunicação ao contexto digital. Em vez de apontar deficiências, devemos focar em integrar suas habilidades únicas em estratégias empresariais.
A geração Z valoriza profundamente o propósito e o significado em seu trabalho. Eles buscam empresas que estejam alinhadas com seus valores pessoais e que demonstrem compromisso com causas sociais e ambientais. Quando sentem que sua função não tem impacto ou não condiz com seus ideais, são mais propensos a procurar novas oportunidades.
Além disso, equilíbrio entre vida pessoal e profissional é algo que essa geração valoriza, logo excesso de trabalho, jornadas longas e falta de flexibilidade podem levar à exaustão e à insatisfação profissional, incentivando a busca por empregos que ofereçam melhor equilíbrio entre vida profissional e pessoal, aumentando o turn over dessa geração.
Os líderes e as áreas de recursos humanos precisam reconhecer que a geração Z já faz parte das empresas, trazendo consigo dinamismo e habilidades únicas. Em vez de fazer críticas superficiais, o verdadeiro caminho para o sucesso está em compreender suas motivações e adaptar-se às suas características singulares.
Ignorar esse grupo não apenas resulta na perda de talentos inovadores, mas também contribui para o baixo engajamento e prejudica a reputação das empresas. O futuro do trabalho depende da valorização da diversidade geracional e da construção de pontes que integrem experiência e inovação, garantindo que ambos caminhem juntos rumo ao sucesso