-
Dino ironiza possível sanção dos EUA a Moraes e diz que ministro pode visitar “Nova Iorque do MA”
-
PGR quer condenação de ex-primeira-dama da Paraíba por participação nos atos de 8 de janeiro
-
Moraes manda intimar ex-comandante do Planalto após ausência em depoimento sobre tentativa de golpe
-
Testemunha de Torres diz que live de Bolsonaro ‘assustou’ e que MJ não tinha prova de fraude nas urnas
-
Defesa de Braga Netto pressiona STF por liberdade do general: ‘Investigação já está encerrada’
Moraes arquiva investigação contra Bolsonaro por fraude no cartão de vacinação
Ministro do STF acatou recomendação da PGR, que entendeu que as apurações não conseguiram provas contra o ex-presidente
BRASÍLIA - O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta sexta-feira (28) arquivar a investigação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por fraude no cartão de vacinação.
Moraes acatou a recomendação da Procuradoria-Geral da República (PGR), que entendeu que a delação premiada de Mauro Cid, ajudante de ordens durante a gestão Bolsonaro, não é suficiente para sustentar a denúncia. Além disso, segundo a PGR, a Polícia Federal não conseguiu juntar outras provas.
"O art. 4º, § 16, da Lei n. 12.850/2013, contudo, proíbe o recebimento de denúncia que se fundamente ‘apenas nas declarações do colaborador’; daí a jurisprudência da Corte exigir que a informação do colaborador seja ratificada por outras provas, a fim de que a denúncia seja apresentada", citou o magistrado, no despacho.
O procurador-geral fez questão de ressaltar que esse caso difere do inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado. “A situação destes autos difere substancialmente da estampada na PET (petição) 12100 [inquérito do golpe], em que provas convincentes autônomas foram produzidas pela Polícia Federal, em confirmação dos relatos do colaborador”, aponta a PGR.
“Essa circunstância impede a denúncia no momento”, acrescenta justificando a impossibilidade de denunciar Bolsonaro pela inserção de dados falsos no sistema de vacinação do Sistema Único de Saúde (SUS).
Moraes ainda determinou que os autos sejam encaminhados à Justiça do Distrito Federal. Como Mauro Cid não tem foro privilegiado, o processo segue para a primeira instância.
Além disso, Alexandre de Moraes decidiu pelo arquivamento das investigações contra o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ). No caso dele, a PGR ressaltou que não foi "constatada finalidade específica de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou causar dano".
O arquivamento dessa investigação ocorre na semana em que a Primeira Turma do STF acatou a denúncia da PGR contra Bolsonaro e sete aliados por tentativa de golpe de Estado e um rol com outros quatro crimes. Réu, Bolsonaro agora é alvo de uma ação penal na Corte por atentar contra o Estado democrático de direito.
Entenda o caso sobre a fraude no cartão de vacinação
A Polícia Federal instaurou inquérito para investigar fraudes no cartão de vacinação de Jair Bolsonaro após constatar que Mauro Cid burlou o sistema do Programa Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde para inserir dados falsos de vacinação contra a Covid-19.
Familiares de Cid teriam sido beneficiados com a fraude, além de Bolsonaro e do deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ).
Com relação a Bolsonaro, a PF identificou que foram inseridos dados falsos no cartão de vacinação da filha dele, Laura Bolsonaro, e depois excluídos. “O colaborador Mauro Cid afirmou que ele arquitetara a inserção e agira a mando de Jair Bolsonaro”, indica a PGR no pedido ao STF. A Polícia Federal, entretanto, não pôde comprovar a afirmação de Mauro Cid, impedindo que a denúncia fosse feita ao Supremo.
Dados no celular de Cid embasaram inquérito da tentativa de golpe
Por meio das investigações sobre o cartão de vacinação, agentes da Polícia Federal (PF) tiveram o a dados e documentos do celular do tenente-coronel Mauro Cid, que embasaram a Operação Contragolpe, que revelou a articulação de um plano para matar autoridades.
Quatro militares do Exército e um policial federal foram presos preventivamente por suspeita de planejar um golpe de Estado e arquitetar a morte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), e o ministro Alexandre de Moraes, do STF.
O plano foi batizado de “Punhal Verde e Amarelo” e, segundo a investigação, a ação seria desencadeada em 15 de dezembro de 2022. Os militares integravam os chamados “kids pretos”, forças especiais do Exército.
Esse grupo foi denunciado pela PGR pelos seguintes crimes:
- organização criminosa armada;
- golpe de Estado;
- tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito;
- dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, com considerável prejuízo para a vítima;
- deterioração de patrimônio tombado.
A Primeira Turma do STF analisa se abre ação penal contra eles nos dias 20 e 21 de maio. Integram o colegiado os ministros Cristiano Zanin, Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Luiz Fux e Cármen Lúcia. Se a maioria dos cinco entender que a denúncia da PGR tem indícios de crimes, será aberta uma ação penal e os acusados vão virar réus.