O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou durante conversa com jornalistas na manhã desta sexta-feira (27), no Palácio do Planalto, ser "radicalmente contra" o poder de veto no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), garantido aos cinco países permanentes do órgão. O jornal O Tempo, em Brasília, participou da conversa.

Em 18 de outubro deste ano, após veto dos Estados Unidos, o Conselho de Segurança da ONU rejeitou o texto proposto pelo Brasil sobre a guerra, em que o Executivo sugeria, em especial, a criação de um corredor humanitário na região da Faixa de Gaza para resgatar civis que estão no meio do conflito entre o grupo extremista Hamas e Israel. O Brasil é o presidente rotativo do colegiado, até dezembro deste ano. 

"Tinha 15 votos em jogo,12 foram favoráveis, 2 abstenções e um contra. A proposta foi vetada por causa de uma loucura que é um direito de veto, que eu sou radicalmente contra. Não é democrático", defendeu Lula. 

Como os EUA são um membro permanente do colegiado, o país possui poder de veto sobre qualquer decisão do grupo, o que impediu que o projeto do governo brasileiro fosse para frente, mesmo que a maioria do Conselho tivesse se posicionado de forma favorável à resolução. 

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Diálogo

Lula também declarou sua preocupação com a situação na Faixa de Gaza, afirmando que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, parece estar envolvido em ações que poderiam "acabar" com a região.

Ele reiterou o compromisso de seu governo em repatriar todos os brasileiros que se encontram em Israel e na Faixa de Gaza. E demonstrou disposição para dialogar com líderes que possuam influência sobre o grupo Hamas.

"Nós não deixaremos um único brasileiro ficar em Israel ou na Faixa de Gaza. Nós vamos tentar buscar todos. Porque esse é o papel do governo brasileiro e já conversei. Se eu tiver informação, 'olha, o Lula, tem um presidente de tal país que amigo do Hamas', é pra esse que eu vou ligar: 'O cara, fala pro Hamas libertar o refém, porra, fala para o cara libertar o refém, para que ficar com o inocente detido. Tem gente que precisa de remédio para tomar, tem gente desesperada, libera o refém'. E também falar com o governo de Israel, liberta os sequestrados. Abre a fronteira para sair os estrangeiros que queiram sair. Tem brasileiro a um quilômetro da fronteira, gente".

Entenda sobre o Conselho de Segurança da ONU

O Conselho de Segurança da ONU é composto por cinco membros permanentes que detêm poder de veto sobre qualquer decisão: China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia. Além deles, há países que integram o colegiado por um período de dois anos.

Atualmente, são eles: Albânia, Emirados Árabes Unidos, Equador, Gabão, Gana, Japão, Malta, Moçambique e Suíça. O Brasil já ocupou uma cadeira não permanente no Conselho por 11 vezes ao longo de sua história.