Explicações

'As coisas vão acontecer no momento certo', diz Lula sobre escolhas no STF e PGR

Segundo o presidente, um dos motivos para a demora das indicações é em função das duas cirurgias que realizou no final de setembro: uma no quadril e outra nas pálpebras

Por Gabriela Oliva / Fransciny Ferreira
Publicado em 27 de outubro de 2023 | 13:55

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) colocou panos quentes, nesta sexta-feira (27), ao explicar sobre a demora em anunciar as indicações para cargos de chefias em conselhos e diretorias de órgãos federais, além de tribunais superiores. Em conversa com jornalistas, em um almoço nesta sexta-feira (27), no Palácio do Planalto, o petista disse que “as coisas vão acontecer no momento que tiver que acontecer”.

“Eu tenho que indicar muita gente este ano. Eu quis, com muita tranquilidade, fazer a minha cirurgia porque quem tem tempo não tem pressa. Para mim, não é novidade indicar alguém, e eu vou indicar alguém que eu acho que seja uma pessoa que possa ser indicada e que tenha competência para exercer a função”, afirmou o presidente. 

Na esfera econômica, são esperadas as definições do presidente sobre nomes para integrar o Conselho istrativo de Defesa Econômica (Cade) e também duas diretorias do Banco Central (BC) que ficarão vagas ao término deste ano - a de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta, e a de Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos Corporativos. 

Quando os olhos se voltam para o Judiciário, o aguardado são as indicações para o novo procurador Geral da República (PGR), para um novo ministro no Supremo Tribunal Federal (STF), além de uma vaga recém aberta no Superior Tribunal de Justiça (STJ) com a aposentadoria da ministra Laurita Vaz.

Segundo o presidente, um dos motivos para a demora das indicações é em função das duas cirurgias que realizou no final de setembro: uma no quadril e outra nas pálpebras. “Eu tenho pressa, mas eu precisava fazer uma cirurgia. Eu estava há 14 meses com uma dor inável. Eu já não tinha mais paciência. Eu chegava aqui de manhã com humor muito azedo, as pessoas tinham medo de falar comigo”. 

Ele ainda ressaltou que não vai deixar as escolhas para 2024, como vinha sendo especulado no governo. “Eu não vou esperar o final do ano. Eu posso escolher semana que vem, amanhã, depois de amanhã, é um direito meu de escolher. Eu vou escolher as pessoas certas, adequadas para o lugar certo, em função da questão política que eu tenho que levar em conta. Eu não posso fechar os olhos e não enxergar que eu tenho que escolher nomes para serem aprovados no Senado”, disparou. 

Saiba mais

Supremo e PGR são os cargos mais sensíveis

No início deste mês, a ministra Rosa Weber aposentou de forma compulsória do STF ao completar 75 anos. Para ocupar o cargo dela, estão sendo especulados os nomes do ministro da Justiça e Segurança, Flávio Dino; do advogado Geral da União, Jorge Messias; e do presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas. 

Esta será a segunda nomeação de Lula para o STF durante seu terceiro mandato à frente do país. Em agosto, o petista indicou seu advogado pessoal, Cristiano Zanin, para assumir a cadeira deixada também de forma compulsória por Ricardo Lewandowski.

Já a PGR completou, na última quinta-feira (26), um mês sem um titular. O mandato de Augusto Aras chegou ao fim em 26 de setembro e, desde então, a vice-presidente do Conselho Superior do Ministério Público Federal (MPF), Elizeta Ramos, vem desempenhando interinamente o cargo.

Como mostrou O TEMPO, o que ocorre, no entanto, é que o petista não encontrou ainda um nome com quem possa ter interlocução direta e irrestrita, além da confiança para o tratamento de causas caras ao governo e ao seu eleitorado

E essa dificuldade esbarra em uma única questão: Lula não conhece mais a turma que está na PGR. Durante os últimos 12 anos, uma grande parte dos procuradores que estavam ativos no órgão entre 2003 e 2010, e que eram conhecidos por Lula, já não fazem parte da instituição.

“Eu tenho que escolher um procurador que tenha noção do papel do que é o procurador do Estado. O procurador não tem que fazer política, tem que cumprir o papel sério. Não fazer pirotecnia, não perseguir ninguém. É isso que eu quero, e eu vou indicar. Logo, logo vocês vão saber, eu vou indicar o procurador ou procuradora, o ministro ou ministra, o CADE, eu vou indicar mais gente”, disse.