Um dia após o Senado federal rejeitar o indicado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o comando da Defensoria Pública da União (DPU), o petista responsabilizou a si próprio pela derrota. Ele disse que “possivelmente” a culpa foi dele e reconheceu que faltou articulação no Parlamento para aprovação do nome de Igor Roque.  

O Senado rejeitou, por 38 votos a 35, e uma abstenção, a indicação do defensor público Igor Roque para o comando da DPU. Ele, assim como os governistas, davam como certa a aprovação. Nos bastidores, o veto ao nome foi visto como um recado direto ao presidente da República sobre eventual indicação do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, para uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF). 

“O fato deles (senadores) não terem aprovado o nome do Igor para o Defensoria Pública (da União) possivelmente foi minha culpa porque eu estava hospitalizado, porque eu não pude conversar com ninguém a respeito dele. Não pude sequer avaliar se ele fosse ser votado ou não”, afirmou nesta sexta-feira (27) durante café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto.  

O presidente realizou duas cirurgias no fim de setembro - uma no quadril e outra nas pálpebras - , e ficou duas semanas sem receber visitas no Palácio da Alvorada (residência oficial da Presidência da República). Diante disso, a articulação política do governo ficou em como de espera. Embora tenha usado o procedimento médico como desculpa, a insatisfação de parlamentares é anterior.  

“Lamento profundamente. Eu não sei com quantos senadores ele conversou. Eu não sei se ele conversou com os líderes do governo. Quando a gente indica alguém, a gente avalia muito o momento da votação”, afirmou Lula ao dizer que agora é preciso ter “paciência” e reconhecer o resultado.  

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Entenda como foi a votação no Senado

Indicado em maio para o cargo pelo presidente, Igor Roque chegou a ter o nome aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), em julho, com apenas um voto contrário. Porém, a oposição iniciou uma campanha contrária à aprovação em plenário após a realização de um evento, na DPU, sobre saúde da mulher, que teve como um dos temas discutidos o abordo de gestação. 

Chamado de “Saúde e Bem-Estar da Mulher”, o seminário aconteceu entre os dias 31 de agosto e 1º de setembro, no auditório da Escola Nacional da DPU, em Brasília. 

Ainda durante o café da manhã, Lula minimizou a rejeição e disse que viu o gesto do Congresso Nacional “com naturalidade” e que o Legislativo não tem que dizer “amém” para todas as indicações do Executivo. “Vamos ter que indicar outro e vamos ter que ter mais cuidado de conversar com quem vota, que não sou eu, mas sim os senadores da República”, pontuou.