O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou por meio de uma nota à imprensa sua ausência na reunião dos ministros das Relações Exteriores e da Fazenda dos países do Mercosul, agendada para esta quarta-feira (6) no Museu do Amanhã, na região central do Rio de Janeiro. O motivo seria para tratar de pautas econômicas de interesse da União no Congresso Nacional.
O chefe da pasta econômica divulgou a nota, por meio de sua assessoria de imprensa, apenas 14 minutos antes do horário previsto para sua chegada ao local do encontro. A ausência de Haddad representa uma lacuna em um momento crucial para o governo brasileiro, que se encontra em seu penúltimo dia na presidência do bloco.
“O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, retornou nesta madrugada (6) para Brasília, após a viagem da última semana para países do Oriente Médio e Alemanha. O ministro não participará da cúpula do Mercosul, no Rio de Janeiro, e se dedicará aos temas da agenda econômica ainda pendentes no Congresso Nacional”, informou.
Temas cruciais para as contas da União, como o veto presidencial à desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia, e a votação do projeto de lei que trata da tributação das chamadas bets, são alguns dos temas de interesse do Executivo no Legislativo. Enquanto o veto deve ser apreciado em reunião do Congresso Nacional marcada para esta quinta-feira (7), a votação das apostas esportivas e eletrônicas ainda não tem data definida.
A Fazenda considera como fundamental a manutenção do veto e a aprovação do projeto para aumentar a arrecadação no próximo ano. E, assim, conseguir cumprir com a meta ambiciosa de Haddad de zerar o déficit fiscal para o próximo ano. Esse objetivo consta no texto da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2024.
A reunião desta quarta-feira é tida como estratégica pelo Conselho do Mercosul. O objetivo é fortalecer a integração regional e impulsionar acordos econômicos e comerciais. Além disso, temas de atenção dos países da região, como a ofensiva da Venezuela em ocupar o território da Guiana e a expectativa de como será o governo da Argentina sob comando de Javier Milei na área econômica, a partir do ano que vem, pautam o encontro.
Além do impacto social, todos esses assuntos interferem diretamente em questões econômicas de importância para as nações da América do Sul, como o fechamento do acordo do Mercosul com a União Europeia, que tramita há mais de 20 anos.
Entre os representantes brasileiros estão o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Agenda do dia
O dia das autoridades começa com a formalidade das fotografias oficiais da Reunião Ordinária do Conselho do Mercado Comum. Seguindo a agenda, está programado um almoço em homenagem aos ministros das Relações Exteriores e da Fazenda do Mercosul, um espaço reservado para fortalecer os laços diplomáticos e estratégicos entre os países.
Na parte da tarde, a dinâmica continua com novos encontros. Os ministros das Relações Exteriores terão uma rodada exclusiva de discussões, enquanto simultaneamente os ministros da Fazenda e presidentes do Banco Central se reunirão para tratar de questões econômicas e financeiras.
Ao fechar o dia, está agendada uma cerimônia bilateral: o lançamento do livro comemorativo sobre os "200 anos das Relações Brasil-Argentina", seguido pela de atos entre as duas nações.
Conheça as outras delegações
Na série de reuniões desta quarta-feira (6), o Paraguai é representado pelo ministro das Relações Exteriores, o embaixador Rubén Ramírez. Acompanhando-o estão Carlos Javier Charotti, o vice-ministro da Economia, e Carlos Carvallo, presidente do Banco Central do Paraguai.
Já o Uruguai conta com Omar Paganini, ministro das Relações Exteriores,e Azucena Arbeleche, ministra da Economia.
A Bolívia é representada pela ministra das Relações Exteriores, Celinda Sosa Lunda, que lidera a participação do país. Acompanhando-a estão Marcelo Montenegro Gómez García, ministro da Economia, e Roger Edwin Rojas Ulo, presidente do Banco Central da Bolívia.
A representação da Argentina é liderada pela embaixadora Cecília Todesca Bocco, secretária de Relações Econômicas Internacionais do Ministério das Relações Exteriores. O ministro da Economia, Sergio Massa, optou por não comparecer ao Conselho do Mercosul após perder na eleição presidencial para Javier Milei.
Além de Massa, o presidente do Banco Central da Argentina, Miguel Ángel Pesce, também decidiu não participar do evento. Essa escolha acontece em meio às declarações de Milei, que defende o fechamento do Banco Central da Argentina. O presidente eleito enfatizou que essa medida não está sujeita a negociações.
Milei, reconhecido por suas posições conservadoras, não só defende o fechamento do BC argentino, mas também quer dolarizar a economia do país e em privatizar empresas estatais.
Lula se reúne com outros presidentes na quinta-feira
Na quinta-feira (7), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participará, no mesmo local, de reunião com os presidentes dos países do bloco. A expectativa é para a do acordo entre o Mercosul e a União Europeia. O petista chegou ao Rio de Janeiro na noite da última terça-feira (5), após visitar a Alemanha e o Golfo Pérsico.
(*) Enviada Especial ao Rio de Janeiro