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Lula chama líderes do governo para reunião e entra na articulação com o Congresso
O presidente pretende se reunir na próxima segunda-feira (3) com os líderes do governo no Congresso Nacional, na Câmara e no Senado

BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) marcou para segunda-feira (3) a primeira reunião com líderes do governo para participar diretamente da articulação política com o Congresso Nacional. Esse novo modelo de articulação acontece depois da soma de derrotas sofridas por Lula no Parlamento. A intenção do presidente é estar nesses arranjos e não deixar esse trabalho somente nas mãos do ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
No Palácio do Planalto, Padilha é o nome responsável pelo comando da articulação política do governo. O entendimento, no entanto, é de que é preciso agir para ampliar os votos favoráveis a políticas de Lula, especialmente entre partidos que ocupam cargos na Esplanada dos Ministérios, mas colaboram com a vitória da oposição em votações. O presidente pretende tornar essas reuniões com os líderes partidários mais frequentes em sua agenda.
Foram chamados para a reunião na próxima segunda-feira, além de Padilha, os líderes do governo no Congresso Nacional, Randolfe Rodrigues (Sem partido-AP), no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), e na Câmara, José Guimarães (PT-CE).
"Toda segunda-feira nós vamos ar a ter uma reunião ordinária do núcleo político de governo com o presidente da República. Essa reunião já ocorria [semanalmente], mas era uma reunião dos três líderes com o ministro Padilha. Nós vamos continuar fazendo essas reuniões, agora com a presença e o acompanhamento do presidente", explicou Randolfe na quarta-feira (29).
As mais recentes derrotas de Lula foram na sessão do Congresso Nacional, na última terça-feira (30). Deputados e senadores derrubaram, em sessão conjunta, o veto do petista que ainda permitia a saída temporária dos presos para visita a familiares e para cursarem supletivo profissionalizante, ensino médio ou superior.
Foi mantido um veto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a um instrumento da nova Lei de Segurança Nacional que criminalizava a disseminação de notícias falsas. O trecho tornava crime o ato de “promover, ofertar, constituir, financiar, ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa” a disseminação de fatos sabidamente inverídicos capazes de colocar em risco “a higidez do processo eleitoral, ou o livre exercício dos poderes constitucionais”.
A necessidade de aprimorar a articulação é reconhecida pelo entorno de Lula. Jaques Wagner disse, depois desse resultado, que a votação de pautas de costumes no Congresso é “como se fosse um Deus nos acuda”. “Todos sabemos que matéria econômica tramita de um jeito. Matéria, chamando genericamente de costumes, tramita de outro. Quando me perguntam ‘qual é a base [aliada do governo]?’, depende do tema”, disse na quarta-feira (29).
“O balanço é que a gente precisa melhorar a nossa organização nesses processos governo e Legislativo. Uma sistemática de acompanhamento mais próxima entre o governo primeiro com os líderes, depois com outros parlamentares. [...] Por exemplo: tem uma semana de vetos. Tem que sentar todo mundo, é preciso saber quem conduziu a negociação lá embaixo”, completou.
Lula já ensaiou essa aproximação com líderes não só do governo no Congresso, mas também de outras bancadas partidárias na Câmara e no Senado. O presidente chegou a fazer uma espécie de confraternização com esses núcleos na tentativa de aproximar a relação e garantir mais apoio ao governo, mas o tamanho da oposição no Parlamento, que não está disposta a negociar pautas que abordam temas ideológicos, segue como um desafio para o Palácio do Planalto.