APÓS NOVA DERROTA, PRESSA

Reforma ministerial e troca de Randolfe Rodrigues devem ocorrer este ano

Decisões estão sendo articuladas após o Congresso ter imposto derrotas ao governo nesta terça-feira (28), em sessão que derrubou vetos do presidente Lula

Por Gabriela Oliva
Publicado em 29 de maio de 2024 | 19:42

BRASÍLIA. Uma reforma ministerial no governo do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), está prevista para ocorrer ainda este ano, entre as eleições municipais e a eleição da nova mesa diretora da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. 

As pressões por mudanças na Esplanada dos Ministérios, especialmente pela saída do ministro Alexandre Padilha, responsável pela articulação política do governo, se intensificaram após o Palácio do Planalto sofrer derrotas significativas na sessão do Congresso de terça-feira (28), com a derrubada do veto sobre a restrição da saída temporária de presos em feriados, conhecida como "saidinha".

Desde a demissão de Jean Paul Prates da presidência da Petrobras e a transferência do ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, para o cargo de ministro extraordinário da reconstrução do Rio Grande do Sul, os governistas têm retomado a discussão sobre a reforma. A reestruturação, entre outras coisas,  visa fortalecer a articulação política do governo e evitar novas derrotas no Congresso.

Além da questão da "saidinha", o Congresso manteve um veto que dificulta a punição para a disseminação de fake news de caráter eleitoral, medida adotada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Partidos como União Brasil, Republicanos e MDB, que possuem ministros no governo, foram decisivos para impor essas derrotas ao Palácio do Planalto.

Outro ponto de tensão na articulação política é a maneira como o governo gerencia os vetos, frequentemente adiando as negociações até o último momento. Esse método tem sido criticado por parlamentares, que acreditam que as negociações deveriam ser conduzidas de forma mais antecipada, a fim de evitar derrotas no Congresso.

Uma mudança adicional prevista para ocorrer entre as eleições municipais e a eleição da nova mesa diretora da Câmara e do Senado é a substituição na liderança do governo no Congresso, atualmente ocupada por Randolfe Rodrigues (sem partido). Ele está na mira do Partido dos Trabalhadores (PT), que o considera uma figura desgastada.

A insatisfação com Randolfe Rodrigues não é nova, mas se intensificou recentemente, com parlamentares criticando o que percebem como uma falta de traquejo político do senador. Nos bastidores, ele é avaliado como difícil de lidar, muito combativo e inclinado aos holofotes.

Os líderes do governo no Senado, senador Jaques Wagner (PT-BA), e na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), são considerados insuficientes para a articulação política necessária, especialmente considerando a importância do Centrão para o atual governo.

Outra preocupação dos interlocutores do governo são as eleições municipais. A reforma ministerial, juntamente com a substituição de Randolfe Rodrigues na liderança, visa antecipar e mitigar crises iminentes com o resultado eleitoral, já previsto como um “susto”.

Por outro lado, Randolfe Rodrigues afirmou nesta quarta-feira (29) que a derrota do Executivo na análise dos vetos pelo Legislativo era algo previsto. Segundo ele, os vetos derrubados estavam relacionados à pauta de costumes, enquanto outros vetos de pauta econômica e orçamentária foram mantidos.