O ex-deputado federal Fábio Ramalho (MDB) não conseguiu emplacar a indicação da Câmara dos Deputados para o Tribunal de Contas da União (TCU). Em eleição realizada nesta quinta-feira (2), o deputado federal Jhonatan de Jesus (Republicanos-RR), apoiado pelo presidente Arthur Lira (PP-AL), foi indicado para substituir a ex-ministra Ana Arraes, filha do ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes (1916-2005), com 239 dos 493 votos. Fabinho teve 174 votos e a deputada federal Soraya Santos (PL-RJ), 75.
Mesmo sem ser reeleito, Fabinho pôde concorrer à vaga, já que os candidatos são apresentados por lideranças da Câmara dos Deputados. Apesar de ser filiado ao MDB, o ex-deputado federal foi indicado à vaga pelo Patriota, já que os emedebistas apoiaram Jhonatan. A intenção de Fabinho, que tem bom trânsito entre os deputados federais, era sensibilizá-los para que a indicação ao TCU fosse uma maneira de fazer justiça aos quatro mandatos na Casa.
Em discurso inflamado antes da eleição, Fabinho pediu “encarecidamente” aos deputados federais que o ajudassem a permanecer em Brasília. “Se eu tivesse sido eleito, eu não seria candidato. Eu não seria candidato porque eu não teria coragem de deixar o meu mandato. Peço a cada um que pergunte a cada pessoa que está nesta Casa (sobre) os meus 16 anos. Peço a vocês que façam justiça a este homem que só sabe servir a esta Casa”, disse o ex-prefeito de Malacacheta, no Vale do Mucuri.
O precedente era a indicação do atual ministro Aroldo Cedraz. Quando foi indicado ao TCU em 2007, Cedraz, assim como Fabinho, coincidentemente, não havia conseguido se reeleger para o quinto mandato. Na eleição, o ex-deputado federal derrotou por 178 a 148 votos o então deputado federal Paulo Delgado (PT), que era o candidato da base do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), recém-reeleito à época.
Como já mostrou o Aparte, Fabinho até tentou chegar à eleição como deputado federal. Em tentativa de envolver o governador Romeu Zema (Novo), parte da bancada federal de Minas Gerais propôs ao vice-governador Mateus Simões (Novo) que o deputado federal Hercílio Coelho Diniz (MDB) fosse alçado ao posto de secretário de Estado. Assim, Hercílio se licenciaria do mandato após ser empossado, abrindo caminho para que Fabinho retornasse à Câmara, já que ele é o primeiro suplente da chapa do MDB. Mas a ideia não avançou.
Sabendo da condição de azarão, Fabinho fez uma intensa campanha pela vaga. Em novembro, o ex-deputado federal chegou a participar de um jantar exclusivo entre o então presidente Jair Bolsonaro (PL) e congressistas do PL. O compromisso fora o primeiro de Bolsonaro após a derrota para Lula. Antes, Fabinho já havia se encontrado com o petista durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-27), no Egito.
Mas Lira já tinha um compromisso com Jhonatan, filho do senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR), para a vaga. O acordo foi firmado ainda durante a primeira eleição do deputado federal para a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, em 2021. Além do apoio de Lira, a candidatura de Jhonatan foi endossada por, pelo menos, 13 partidos, entre eles o PT.
Agora, a indicação de Jhonatan deve ser referenda simbolicamente pelo Senado. A cadeira de Arraes estava vaga desde julho de 2022, quando a ex-deputada federal se aposentou de forma compulsória - os ministros podem integrar o órgão auxiliar do Congresso Nacional até os 75 anos de idade. Com 63 anos, Fabinho não deve mais conseguir se candidatar ao TCU, já que a idade máxima para se habilitar a uma das cadeiras é 70.