Após não ter sido reeleito, o deputado federal Fábio Ramalho (MDB) intensificou as articulações para substituir a ministra Ana Arraes no Tribunal de Contas da União (TCU). Conhecido pela boa relação com os pares, o deputado, 1º vice-presidente de Rodrigo Maia (PSDB) na Câmara entre 2017 e 2019, transita sem dificuldades desde o entorno do presidente Jair Bolsonaro (PL) até aquele do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

Na última terça-feira (29), por exemplo, Fabinho, embora seja filiado ao MDB, participou de um jantar entre Bolsonaro e deputados federais e senadores do PL, em Brasília, o primeiro compromisso político do presidente após a derrota para Lula. “Eu tenho uma boa relação com o Bolsonaro e com o presidente Lula. Sempre mantive uma relação boa com os dois”, comenta o deputado.

Antes, Fabinho já havia se encontrado com Lula durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-27), no Egito. “Ele sabe da minha relação com vários deputados do PT que querem votar em mim e com vários governadores, como Rui Costa (da Bahia), e Wellington Dias (do Piauí), que têm relação com as bancadas (da Câmara)”, diz o parlamentar.

Apesar de a cadeira de Arraes estar vaga desde julho de 2022, o presidente Arthur Lira (PP-AL) irá realizar a eleição apenas na próxima legislatura, como informado por O Globo e confirmado pelo Aparte. Mesmo sem mandato, Fabinho poderá concorrer desde que seja indicado por alguma liderança, de bloco ou bancada. “A vaga é da Câmara, não dos deputados”, aponta o deputado federal. 

Fabinho lembra que o nome do atual ministro Aroldo Cedraz foi indicado em 2007 quando ele já não tinha mais mandato - à época, inclusive, Cedraz derrotou o então deputado federal Paulo Delgado (PT). “Tenho visto que a maioria dos parlamentares, tanto os que estão chegando quanto outros, tem uma tendência em votar em mim (para o TCU), até porque todo mundo fala que seria uma maneira de fazer justiça a todo o trabalho que desenvolvi durante os 16 anos de mandato”, pontua.

Dentre os postulantes, Fabinho foi o único a não ser reeleito. Além dele, postulam a cadeira de Arraes o deputado federal Jhonatan de Jesus (Republicanos-RR), com quem Lira teria um acordo, e o deputado federal Hugo Leal (PSD-RJ), que, assim como o mineiro, teria intensificado a campanha nas últimas semanas. A deputada federal Soraya Santos (PL-RJ) corre por fora. 

Caso Fabinho seja indicado, será o segundo mineiro a chegar ao TCU em um curto espaço de tempo. Em dezembro de 2021, o então senador Antonio Anastasia (PSD) foi acolhido pelo plenário do Senado para suceder o conselheiro Raimundo Carreiro. À época, Anastasia venceu a corrida contra os senadores Kátia Abreu (PP-TO) e Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).