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CINEMA

Pecadores: Ryan Coogler ousa e acerta em um ótima alegoria sobre a história negra americana

Estrelado por Michael B. Jordan, o longa mistura ação, drama e terror em uma narrativa sobre sobrevivência, identidade e apropriação cultural nos anos 1930

Por Hora da Castanha
Publicado em 23 de abril de 2025 | 17:10

Novo filme de Ryan Coogler (Pantera Negra, Creed: Nascido para Lutar), Pecadores marca mais uma parceria entre o diretor e o ator Michael B. Jordan, em um projeto ousado. Mesclando os gêneros de ação, drama de época e terror — utilizando-se ainda de toques de comédia —, o realizador elabora uma trama que aborda a história negra americana em uma obra repleta de camadas e interpretações.

Ambientado no Mississippi dos anos 1930, em meio à realidade do segregacionismo e das leis Jim Crow, o longa acompanha dois irmãos (ambos interpretados por Michael B. Jordan) que retornam à cidade natal após anos vivendo como gangsters em Chicago, com o objetivo de abrir um bar voltado para a comunidade negra local. E o que parece ser um filme sobre reconexão com as origens e comunhão social, aos poucos revela uma trama muito mais densa e perigosa.


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Toda a história se a em apenas um dia, partindo de uma etapa inicial de estabelecimento dos personagens, à medida em que são realizados os preparativos para a inauguração do bar. Até que, durante a festa de abertura, o filme vira completamente o jogo, revelando um elemento místico e macabro que transforma a experiência do espectador. 

A partir daí, Pecadores mergulha em uma alegoria fantástica, discutindo a luta dos negros americanos pela sobrevivência, enquanto celebra sua cultura — com destaque especial para a música como força de conexão entre ado, presente e futuro — rendendo uma das cenas mais memoráveis do longa.

Porém, a mesma música que possui esse motivador de união, acaba se tornando a catalisadora do mal que assombra o local. Utilizando de paralelismos, o filme discute a apropriação da cultura negra, pelos povos brancos que a distorcem e descartam, forçando sua presença e impondo sua própria cultura, relegando as origens culturais desse povo ao profano. 

A produção ainda brilha em aspectos técnicos: direção e fotografia trabalham em muita sintonia, junto de uma atmosfera envolvente criada pela direção de arte, maquiagem e figurino. Embora não escape de um problema de edição, já que a montagem acaba exagerando no uso de flashbacks expositivos, trazendo cenas que já haviam sido vistas no próprio desenrolar da história.

A trilha sonora, por outro lado, se torna um dos maiores trunfos. Ela dita o ritmo da trama com precisão, alinhando música e movimento, carregando sensualidade e violência. Vale mencionar,também, o mérito para os atores, que incorporam a voracidade de seus personagens, agregando ainda mais à imersão e criando uma balança moral na história.

Ao mesmo tempo que temos a inocência de Sammie (Miles Caton), um jovem que sonha em trilhar o caminho da música — disposto a enfrentar os perigos da América — ,em contrapartida temos a malícia de Remmick (Jack O'Connell), manipulando a todos com a promessa de  uma utopia entre os povos. E no centro disso, os gêmeos Fumaça e Fuligem (Michael B. Jordan), em uma espécie de yin e yang interno, que se equilibram entre o esforço do trabalho e a necessidade de aproveitar a vida.

Pecadores é daqueles filmes que empolgam na forma e provocam no conteúdo — uma obra com força visual e narrativa que, além de entreter, convida à reflexão por horas após a sessão. O filme já está em cartaz nos cinemas.

Pecadores tem cena pós-créditos?

Sim! Pecadores contém duas cenas pós-créditos. A primeira funciona como um epílogo, e começa quase que imediatamente ao final do filme — é quase impossível de perder. A cena é consideravelmente grande, e bem relevante.

Não contente com a primeira, Ryan Coogler parece se lembrar de seus tempos de Marvel e Pantera Negra: ao final dos créditos existe ainda uma segunda  cena — mais rápida — , que aponta para uma possível continuação da história.


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