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Yellowjackets: A 3ª temporada da série está tão perdida quanto suas protagonistas

Série chega em sua temporada 3 tropeçando em mistérios mal construídos e personagens contraditórias

Por Hora da Castanha
Publicado em 16 de maio de 2025 | 16:16

Em 1996, viajando para disputar o campeonato nacional estudantil de futebol feminino, o avião das Yellowjackets (time de Nova Jersey) sofre um acidente ao pousar forçadamente em uma floresta remota, na fronteira com o Canadá.

O time de futebol Yellowjackets. Fonte: Showtime e Paramount+/Divulgação

 

Ao mesmo tempo, 25 anos depois, as sobreviventes do acidente tentam lidar com os traumas que carregam do tempo que aram na natureza selvagem, à medida que surgem perigos ameaçando os segredos que elas escondem sobre esse período.

Essa é a premissa de uma série que mistura o drama psicológico com elementos de terror e suspense, enquanto consegue ainda aliviar a tensão com um humor bem dosado. 

 

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Uma boa construção de mistério

Somos imediatamente conectados com a trama do acidente. A série recria o espírito instigante e misterioso de Lost (2004-2010), com uma forte inspiração no livro O Senhor das Moscas (1954) de William Golding e no acidente de vôo do time de rugby uruguaio em 1972 — que também inspirou produções como Vivos (1993) e A Sociedade da Neve (2023).

Vemos as garotas aprendendo a lidar não só com os perigos da floresta, mas também com a necessidade de formarem uma micro-sociedade funcional, e estabelecerem suas próprias regras — mesmo que isso signifique a tomada de atitudes drásticas.

Outro ponto que torna ainda mais atrativo é a presença de um elemento sobrenatural. Conforme o tempo vai ando, elas começam a perceber que talvez exista uma força maior guiando seus os. 

E o mais interessante disso é que a série deixa no ar a veracidade do sobrenatural, uma vez que o estado físico e psicológico das jovens vai se deteriorando conforme o tempo vai ando, principalmente com a chegada do rigoroso inverno da segunda temporada.

Presente Inconsistente

O mesmo não pode ser dito das cenas que se am 25 anos depois. Por mais interessante que seja a série entregar de cara que algumas das personagens sobreviveram ao período na selva, os roteiristas não parecem saber muito o que fazer com elas.

Por mais que a primeira temporada entregue um mistério que capte a atenção, com uma possível chantagem para que elas revelem o que precisaram fazer para sobreviver, tudo cai por terra no final. 

E isso vira algo comum para as cenas do presente: um novo mistério é abordado, elas se sentem em perigo, movem montanhas para descobrir quem está por trás de tudo, e na maioria das vezes era só um mal entendido.

É esse clima que infelizmente paira sobre a terceira temporada.


Quando o mistério vira bagunça

O núcleo do ado ainda consegue segurar boa parte da qualidade da série. Apesar de um salto temporal que vem justamente para anular o cliffhanger do final da temporada anterior, a trama envolvendo o treinador Scott (Steven Krueger) é o ponto alto do ano 3.

Porém, os problemas começam a aparecer com muita força. Há uma sensação clara de desgaste: o impacto que antes chocava, agora parece repetição. Temos um excesso de “visões místicas” sem tanto propósito e o clima sombrio é deixado de lado. 

Mas o pior de tudo vem com a nova abordagem da personagem de Shauna (Sophie Nélisse), e o impacto que isso causa nas demais. Principalmente pelo fato de ser motivado por atitudes de outra que decai demais, que é Lottie (Courtney Eaton).

A partir de certo momento, ambas começam a agir de formas que tornam difícil aceitação do espectador com atitude iva das demais ali presentes. Por mais que já estejam bitoladas pela espécie de religião que criaram, não há cenas que justifiquem tanto o fato de seguirem cegamente o que estão ando por conta das duas citadas.

E são poucas as que se salvam nesse núcleo, como é o caso de Natalie (Sophie Thatcher), que entrega muito suas cenas como a única personagem que parece ainda manter uma racionalidade para tomar suas atitudes, e sofrer com elas nos piores resultados.

Mesmo assim, somos deixados com um final que encaixa com a enigmática primeira cena da série — o que é bom para já resolver essa ponta solta —, e novamente temos um bom gancho, para gerar a expectativa de que a próxima temporada entregue algo mais parecido com a tensão que a segunda entregou.

Natalie (Sophie Thatcher) comanda o julgamento do treinador Ben (Steven Krueger). Fonte: Showtime e Paramount+/Divulgação

 

O presente perdeu completamente o rumo

O maior problema da temporada está nas cenas do presente. A trama, que deveria conectar os eventos do ado à vida adulta das sobreviventes, se perde em uma sequência de cenas absurdas e desconexas.

Não há uma linha narrativa clara. O roteiro parece atirar para todos os lados, apostando em reviravoltas vazias e comportamentos incoerentes, como se qualquer ideia que surgisse na sala de roteiristas fosse automaticamente incluída. 

E, se no ado, presas na floresta, já está ficando difícil de entender o porquê delas aceitarem tudo que lhes era imposto, agora no presente, vivendo normalmente em sociedade, é impossível entender certas atitudes.

A terceira temporada deixa claro que não há um direcionamento para onde esse núcleo está indo, e nem mesmo um mistério, ele serve apenas para mostrar como as protagonistas não superaram os traumas, e ainda são suscetíveis aos costumes que adquiriram com sua experiência.

De sucessora de Lost a repetidora dos mesmos erros

Como dito anteriormente, Yellowjackets começou com potencial para ser a nova Lost — e talvez por isso seja tão doloroso ver que está cometendo os mesmos pecados. Decisões sem consequência, mistérios que não se conectam, personagens que agem fora de suas motivações… A série, que antes intrigava pela densidade psicológica, hoje parece querer apenas chocar, sem muito critério.

Como não acabou, fica a recomendação de que a série ainda vale a pena de ser assistida, principalmente pelas cenas do ado. Mas é essencial que seja feito um ajuste de expectativa com a qualidade do roteiro.

Yellowjackets vai ter uma 4ª temporada?

O objetivo, de acordo com seus showrunners, sempre foi de que a série durasse 5 temporadas. E o final da terceira deixa claro que ainda estamos um pouco longe de uma resolução.

Até a data de publicação desse texto, porém, ainda não há confirmação sobre a renovação da série para uma quarta temporada. Mesmo assim, há a expectativa que isso se concretize, visto que a audiência vem crescendo ao longo das temporadas.

Onde assistir Yellowjackets?

A série está disponível na Netflix, mas apenas na Paramount+ é possível encontrá-la com todas as temporadas até o momento.

 

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