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Meira Souza

Meira Souza é médica com especialização em anestesiologia, acupuntura e clínica de dor, é autora de três livros e proprietária e diretora da Clínica Dra. Meira Souza

DRA MEIRA SOUZA

Candidíase, uma condição ligada ao estilo de vida

Fungo se aproveita de fragilidade imunológica

Por Meira Souza
Publicado em 08 de fevereiro de 2025 | 07:00

Candidíase não é algo desconhecido em nosso mundo. Quase todos já ouviram falar dela, mesmo que não compreendam plenamente o que ela é ou como funciona no organismo.
A candidíase está relacionada com a atividade sexual, o que não só deixa a situação desconfortável, como também gera um constrangimento de intimidade.

No entanto, não é só no sexo que a candidíase interfere. Muitas vezes, independentemente da atividade sexual, a candidíase se manifesta e costuma se apresentar com mais intensidade no período menstrual, causando desconforto e corrimento esbranquiçado. A mucosa com cândida fica ferida e costuma gerar ardências ou coceiras.

A cândida é um fungo comensal. Ele vive em nosso corpo e não é necessariamente um “inimigo” de grande importância. A exposição a bactérias, fungos e outro organismos muitas vezes colabora para o nosso sistema imunológico, fazendo com que ele se torne mais forte – mas, é claro, tudo dentro de limites.

Quando o fungo fica abundante demais, o nosso sistema imunológico a a não conseguir mantê-lo em um estado de “dormência”, e, a partir desse momento, os sintomas surgem. A baixa do sistema imunológico devido a algum tipo de estresse ou adoecimento também pode abrir uma porta para o fortalecimento desse comensal.

Banhos com bicarbonato podem ser uma boa maneira de aliviar esse desconforto. O PH ácido da vulva favorece o crescimento da cândida, e o bicarbonato cria um ambiente alcalino que impede o avanço do fungo. Roupas apertadas, calcinhas de material sintético, tudo que dificulta a “respiração” da região da virilha também predispõe o organismo à candidíase.

Apesar de mais discutida, a candidíase não é uma exclusividade feminina. Homens também podem ter candidíase, tanto anal como peniana, que, além de ser muito desconfortável, é comumente confundida com outras doenças sexualmente transmissíveis.
Existem medicamentos para tratar fungos, mas seu uso crônico não é o ideal, visto que provavelmente terão de ser usados por muito tempo, e o impacto no fígado pode ser mais prejudicial do que os benefícios que podem trazer.

A cândida tira proveito de uma fragilidade imunológica. Por isso vale a pena investir com mais empenho em melhorar a imunidade do indivíduo do que em atacar o fungo diretamente.
Redução do estresse e mudança de hábitos alimentares, com foco em redução do consumo de açúcar e de alimentos com alto índice glicêmico, são as primeiras ações que devem ser tomadas, sendo suficientes na maioria dos casos.

O controle da disbiose intestinal também se faz muito importante, pois a disbiose aumenta o risco de candidíase.
Pessoas que estão com a saúde regular – sem condições como câncer, uso de imunossupressores ou doenças que geram baixa de imunidade em geral – têm uma cândida autocontrolável, não necessitando de uso de medicamentos, mas sim de uma mudança de estilo de vida.