Comida: o seu amigo mais odiado
Alimentação, sentimentos e ansiedade
Quantas pessoa você conhece que têm uma relação normal com comida? Se conhecer alguma, por favor me apresente.
Eu me lembro com saudosismo da minha infância e de minha relação com a comida. Eram tempos nos quais comer se resumia a comer, e, infelizmente, acredito que nunca mais terei essa sensação de leveza. Reconheço que ter uma mãe que se preocupava com os nutrientes facilitava muito o processo, no entanto preciso acreditar que exista um meio-termo entre o completo descuido e a obsessão que a autonomia da vida adulta parece nos aliciar a ter.
Comer vai muito além de nutrir. Envolve afetividade, socialização e prazer, e o ideal é que fossem mantidas somente essas características, além, claro, da nutrição. Infelizmente, sentimentos como culpa e vergonha têm tomado o lugar de protagonista, mesmo que apareçam somente no segundo ato.
Uma queixa muito comum que recebo é: “Doutora, eu sei que como mais do que preciso, mas, quando percebo, já comi. Muitas vezes só percebo que estou cheia quando não cabe mais nada e eu o o resto do dia me sentindo muito mal”.
Sentimentos como ansiedade podem fazer com que comamos mais do que precisamos. Para muitos, ansiedade é um gatilho para comer muito mais do que o corpo aguenta, ou também pode fazer com que a fome desapareça completamente, gerando tonteiras ou até mesmo desmaios como consequência.
É importante identificar o causador dessa ansiedade e antes de tomar alguma atitude drástica, verifique primeiro se sua rotina de sono e exercícios físicos está em dia. Ajustar esses fatores pode ser revolucionário, principalmente se o gerador de ansiedade não for facilmente identificável. É comum se estressar com alguma prova ou evento importante, mas estar em um estado constante de ansiedade sem motivo aparente exige uma melhor investigação.
Outro fator causador não apenas de ansiedade, mas de falta de atenção e desconexão com o mundo real e, consequentemente, com os alimentos, é o consumo excessivo de mídias.</CW>
É raro conhecer alguém que não verifica o celular a cada cinco minutos e, mesmo que nada surja, ainda verifica Instagram, Facebook, Twitter... só para garantir que nada de novo aconteceu.
Nosso cérebro está em um constante estado de alerta, e isso nos afasta enormemente de um descanso pleno. O que também pode interferir na ansiedade.
O ato de comer na frente de telas, sejam elas de celular, computador ou televisão, nos faz perder a sensação de saciedade, pois não estamos concentrados na comida. Também colabora para que precisemos de cada vez mais sal ou açúcar para sentir o sabor dos alimentos. Como não estamos prestando atenção, a comida precisa “gritar” para ser percebida dentro da boca.
Os alimentos, quando bem selecionados, são nossos aliados na construção de uma vida saudável. Comê-los com respeito, atenção e equilíbrio não só é bom para o seu corpo, mas um ato de carinho com todo o seu ser.