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Para contornar crise com base, Zema sinaliza portas abertas a deputados
O governador, que recebeu 47 dos 56 deputados no Palácio da Liberdade na noite desta terça (17/10), promete até transferir gabinete da Cidade istrativa para BDMG se preciso for

Diante da relação esgarçada com os deputados em razão do atraso para cumprir acordos, o governador Romeu Zema (Novo) sinalizou, nesta terça-feira (17/10), que as portas do governo estão abertas para tentar contornar a crise com a base na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Em encontro no Palácio da Liberdade, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, sem o à imprensa, Zema, ao lado de secretários de Estado, recebeu 47 dos 56 deputados convidados para tentar aglutinar a base após dificuldades recentes até de quórum em plenário.
Conforme apurou O TEMPO, em encontro considerado informal, Zema teria dito aos deputados, às vésperas do início da tramitação de propostas consideradas caras, como, por exemplo, a adesão do Estado ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) e a proposta de Emenda à Constituição (PEC) para pôr fim ao referendo popular para autorizar a privatização da Cemig e da Copasa, que, se preciso for, pode até transferir o gabinete da Cidade istrativa para o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) para se aproximar dos deputados.
Ao fim do encontro, o deputado Eduardo Azevedo (PL), que chegou a comparar o governo a "mulher de malandro" ao criticar a relação do governo com a deputada Lohanna (PV), negou que os parlamentares tenham dado qualquer recado a Zema. "Foi uma questão do governo mesmo em chamar os deputados para fortalecer mais o laço com os parlamentares da base dentro da ALMG", que, ao ser perguntado se o incômodo teria sido tratado, disse que não e reiterou que foi uma confraternização para ter “intimidade” com o governo.
De acordo com Eduardo, Zema, que junto ao secretário de Governo, Gustavo Valadares (PMN), e ao líder de governo, João Magalhães (MDB), foram os únicos, de forma geral, a falar durante o encontro, se colocou à disposição dos deputados. “Como eu disse, ele quer aumentar ainda mais o relacionamento, já que estava um pouco distante com alguns deputados. Aí, ele disse bem claro que as portas da casa dele estão abertas para os deputados para poder dialogar”, acrescentou Eduardo.
Apesar do clima de informalidade, o deputado Caporezzo (PL), que contou que tanto a adesão ao RRF quanto a PEC do fim do referendo foram discutidas, deixou claro que só vota favoravelmente à adesão ao RRF caso as perdas inflacionárias de 35,44% acumuladas pelas forças de segurança pública entre 2015 e 2022 sejam recompostas pelo governo Zema. "E com o compromisso de que não vai haver uma estagnação dos salários (pelos próximos anos), de que os salários vão continuar sendo corrigidos conforme a inflação", emendou o deputado.
Segundo Caporezzo, os secretários lhe garantiram que os salários do funcionalismo não serão congelados durante a adesão ao RRF. “Mas eu tenho que ver o plano de recuperação fiscal para acreditar. Eu preciso ter a plena certeza de que os salários não serão estagnados por nove anos, porque seria destruir as carreiras públicas”, apontou o deputado, que ainda disse que, embora seja a favor de privatizações, como as da Cemig, ainda analisa se pôr fim à consulta seria a melhor saída.
O deputado Vittorio Júnior (PP), por sua vez, negou que tenha imposto qualquer condição para votar a adesão ao RRF e a PEC para pôr fim ao referendo. “Não, não, de maneira alguma. Esse não foi o objetivo da reunião. Nós já vimos discutindo desde o início do mandato de forma muito independente. Inclusive, tem deputados da base, que, eventualmente, não votam com o governo, e eu acho isso natural, porque cada um vota com as suas convicções. Não há nenhum tipo de acordo, nenhum tipo de barganha”, reforçou.
Rodrigues e Arnaldo estão entre deputados ausentes
Entre os deputados da base ausentes, estava o presidente da Comissão de Segurança Pública, Sargento Rodrigues (PL), que, na última segunda (16/10), inclusive, presidiu uma audiência para questionar por que, embora a legislação estadual preveja, o governo Zema não divulga, até o fim de janeiro, o índice de recomposição inflacionária a que tem direito os servidores. Tanto Valadares quanto os secretários de Fazenda, Gustavo Barbosa, e de Planejamento e Gestão, Luísa Barreto, foram à audiência.
De acordo com Rodrigues, não haveria clima para ir ao encontro no Palácio da Liberdade, já que o governo descumpriu uma série de compromissos, como, por exemplo, o acordo firmado com as forças de segurança pública para reajuste ainda em 2019. “O governo prometeu pagar a recomposição em três parcelas: uma de 13%, que foi dada, e outras duas de 12%, que o governo descumpriu”, lembrou o deputado.
Arnaldo, que chegou a apontar que não adiantaria o governo mudar as “peças”, em referência a troca do ex-secretário de Governo Igor Eto (Novo) por Valadares, caso a “essência” não mudasse, também não foi ao encontro com Zema. Procurado via assessoria, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça informou que não estava em Belo Horizonte.
Questionado, Valadares disse que, ainda durante a manhã desta terça, Arnaldo lhe disse que não estaria em Belo Horizonte por “questões profissionais”. “O Arnaldo teve dificuldades em um projeto que foi aprovado recentemente, se colocou claramente contrário e a gente tem que respeitar o posicionamento. (...) A relação com o deputado Arnaldo está ótima, sempre esteve ótima e a minha relação com ele é de amizade e estarei com ele sexta em Frutal em uma agenda dele”, acrescentou o secretário.
‘Secretários precisam entender aflições dos deputados’, diz Valadares
Valadares, que pontuou que a confraternização precisa ser feita mais vezes, apontou que a intenção foi criar uma relação mais informal entre o Executivo e o Legislativo. "A gente sempre sabe que há espaço para melhorar essa relação", observou o secretário. "Os secretários e as secretárias precisam entender as aflições dos parlamentares. Eu venho de lá (da ALMG), eu sei que todo mundo está disposto a ajudar, mas precisa obviamente ter uma boa relação com o governo também", acrescentou.
Além de Valadares, que foi o responsável por encabeçar o encontro no Palácio da Liberdade, os demais secretários de Estado estavam presentes. Uma das principais queixas dos deputados é a demora dos secretários em atender demandas, como, por exemplo, obras em suas bases eleitorais, o que tem gerado a insatisfação até dos prefeitos onde são majoritários.
Contestado se o governo sinalizou que cumpriria os acordos atrasados, o secretário ponderou que isso é conversado diariamente. "O governo vem cumprindo os acordos. Os deputados e as deputadas estão conscientes de que há muita coisa por fazer e nós não temos no governo por incrível que pareça tantas mãos para analisar tanta coisa de uma vez só. Semanalmente os deputados têm recebido boas novas, mas não será resolvido em um estalar de dedos. Nem comigo, nem com ninguém", concluiu.