Investigação

Polícia faz operação contra envolvidos em atentado no aeroporto de Brasília

Agentes da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado do DF cumpriram mandados de busca e apreensão em cidades do Pará

Por Renato Alves
Publicado em 14 de abril de 2023 | 10:06

Agentes da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco) da Polícia Civil do Distrito Federal cumpriram, na manhã desta sexta-feira (14) seis mandados de busca e apreensão nas cidades de Redenção, São Félix do Xingu, Marabá e Xinguara, todas no estado do Pará. 

A operação visa levantar provas contra os envolvidos no atentado terrorista nas proximidades do Aeroporto de Brasília em 24 de dezembro, quando uma bomba foi colocada sob um caminhão carregado de combustível de aviação. O artefato foi desativado por especialistas da Polícia Militar e dois apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) acabaram presos. Um deles conseguiu fugir.

O plano era, com a explosão na véspera de Natal, promover um caos social que levaria a uma intervenção militar, impedindo a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), vitorioso nas urnas em outubro, e a manutenção de Bolsonaro na Presidência da República, por meio de uma intervenção militar.

Na operação desta sexta, em que os policiais brasilienses contaram com apoio de colegas da Polícia Civil do Pará, foram apreendidos documentos, telefones celulares, computadores e outros equipamentos eletrônicos vinculados aos acusados. Os dois que estão presos já confessaram a participação no plano terrorista e a sua intenção.

Plano inicial era detonar bomba na área de guichês do aeroporto

George Washington de Oliveira Sousa foi preso ainda em 24 de dezembro. Ele foi do Pará para Brasília para participar das manifestações em apoio a Bolsonaro e contra Lula e o sistema eleitoral brasileiro, que ocorriam no Quartel General do Exército, onde havia um acampamento montado desde o fim do segundo turno das eleições.

Policiais prendera o homem  em um apartamento no Sudoeste, bairro nobre da região central do Distrito Federal. Ele confessou a intenção de explodir a bomba. Disse inclusive que o plano inicial era colocá-la na área de guichês do aeroporto. Com ele foram apreendidas duas espingardas, um fuzil, dois revólveres, três pistolas, centenas de projéteis e uniformes camuflados. 

No apartamento ocupado por George Washington havia ainda outras cinco emulsões explosivas, como a deixada sob o caminhão-tanque estacionado perto do aeroporto. No entanto, antes da detonação do artefato, o motorista do veículo viu o objeto e acionou a PM, que rapidamente enviou seu Esquadrão Antibomba para desarmá-lo.

Já Alan Diego dos Santos ficou foragido até 17 de janeiro, quando se entregou na delegacia de Comodoro, no Mato Grosso. Ele também confessou o crime e disse que recebeu a bomba no acampamento do QG do Exército.

O terceiro envolvido, o jornalista Welligton Macedo de Souza, conseguiu escapar, Segundo os outros dois, ele participou da confecção da bomba, da elaboração do plano, tendo inclusive colocado o artefato sob o caminhão de combustível.

Wellington foi assessor no antigo Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, na gestão de Damares Alves, que conseguiu se eleger senadora pelo DF.

MP pediu a condenação de dois pelo crime de explosão

Na última segunda-feira, o Ministério Público do Distrito Federal (MPDF) enviou à Justiça local o pedido de condenação de Alan Diego dos Santos e George Washington de Oliveira.  

Os dois já são réus na Justiça do DF. Agora, o MPDF pede que eles sejam condenados pelo crime de explosão, que prevê prisão de três a seis anos, além de multa. 

Além deles, Wellington Macedo de Souza também é réu pelo mesmo crime. No entanto, por estar foragido, sua conduta e responsabilidade no episódio ainda não foi analisada. 

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