ESQUEMA DE FRAUDES

Gleisi diz que Lupi deve permanecer na Previdência e que Lula vai indicar novo presidente do INSS

Ministra minimiza instalação de I e afirma que investigação pode se virar contra oposição, já que fraudes começaram no governo Bolsonaro

Por Ana Paula Ramos
Publicado em 30 de abril de 2025 | 16:46

BRASÍLIA - A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, defendeu nesta quarta-feira (30) a permanência do ministro da Previdência, Carlos Lupi, após a operação deflagrada, na semana ada, pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU) contra um esquema de fraude no INSS. Segundo ela, não há nada que indique o envolvimento dele nas irregularidades. 

"Se não tem nada que o envolve, não tem motivo para ser afastado. Eu acho que ele está fazendo as explicações, se defendendo. Obviamente, se tiver alguma coisa que no futuro venha envolvê-lo, e não só ele, qualquer outro ministro, aí sim tem que ser afastado e o presidente não vai deixar de fazer isso". 

"E agora que ele já esclareceu, acho que tem que se concentrar para adotar todas as medidas e essa é a orientação firme do presidente. Adotar todas as medidas para resolver essa situação", disse Gleisi, em entrevista à Globonews. 

A ministra de Relações Institucionais destacou também que a investigação começou no atual governo, pela CGU, atendendo a uma determinação do presidente Lula, para apurar qualquer suspeita. 

"O que é preciso é que as coisas que Lula determinou sejam feitas, ou seja, continue-se a investigação e se aprofunda a investigação, porque o que nós estamos vendo agora é algo que não começou agora, é o que começou anteriormente, ou seja, desde 2019 tem problemas de irregularidades, quem que decidiu investigar foi o governo do presidente Lula, foi a Controladoria-Geral da União que fez o relatório, pegou dados do TCU e acionou a Polícia Federal." 

Mesmo assim, ela afirmou que o presidente Lula irá nomear o novo presidente do INSS, mas negou que a nomeação seja falta de confiança em Lupi, responsável pela indicação de Alessandro Stefanutto, ex-presidente do INSS, demitido por Lula depois da operação da PF. 

"O presidente vai nomear um novo presidente do INSS, uma nova direção do INSS. E a recomendação, com certeza, é isso, desses fatos serem resolvidos, ou seja, todos esses gargalos, vasos serem fechados para não acontecer de novo, e ter medidas no âmbito istrativo, tecnológico, para que o instituto melhore sua istração". 

Gleisi Hoffmann afirmou também que o governo busca um “instrumento legal” para ressarcir os afetados do INSS. Ela citou que os aposentados e pensionistas descontados ilegalmente receberão os valores de abril em maio.    

"O governo está empenhado em em fazer todas as investigações, em apurar quem são os responsáveis, fazer a punição correta e assegurar os direitos dos afetados. Os descontos de abril vão ser ressarcidos, mas os demais, precisamos de instrumento legal para fazê-lo. Tanto em cima das entidades que o governo vai cobrar quanto em relação até ao seu orçamento próprio. O presidente já designou um grupo de trabalho através da AGU para fazer esse levantamento." 

Além disso, a ministra minimizou a instalação da MI (Comissão Mista Parlamentar de Inquérito) do INSS, que pode ser instalada no Congresso para apurar as irregularidades no órgão. Gleisi afirmou que a investigação pode se virar contra a própria oposição, já que o esquema de fraudes começou em 2019, no governo de Jair Bolsonaro (PL).  

Gleisi diz que governo espera contar com os votos da federação PP-União Brasil 

Gleisi Hoffmann, chefe da pasta responsável pela articulação do governo com o Legislativo, comentou ainda sobre a aliança entre PP e União Brasil e disse que espera contar com os votos da federação no Congresso.  

A criação da União Progressista terá o título de maior bancada da Câmara, com 109 parlamentares. Atualmente, a liderança é do PL, que conta com 92 deputados. No Senado, a nova aliança colocará a federação em pé de igualdade com PL e PSD, cada um com 12 senadores. Além disso, os dois partidos, agora juntos, têm o maior número de prefeituras no Brasil, com 1.336 prefeitos, e seis governadores.  

"Queremos continuar contando com a base parlamentar deles no Congresso, que temos contado até agora. Isso para nós é muito importante. Em relação às contradições, eles quem têm que se explicar. Acho que tem muito mais problemas entre eles do que deles conosco. Vamos esperar para ver o que acontece, para ver se eles vão se comportar direitinho." 

Na terça-feira (29), o vice-presidente do União Brasil, ACM Neto, sinalizou a intenção da superfederação de deixar o governo Lula e que a entrega de ministérios deve ser discutida em breve. Os dois partidos têm, juntos, quatro ministérios.