BRASÍLIA

Aliados de Bolsonaro repetem cobranças a Motta por anistia em ato rápido em Brasília

Organização do ato insistia que manifestação fosse pacífica; dispersão aconteceu cerca de uma hora depois do início, antes da chegada ao Congresso Nacional

Por Lara Alves
Publicado em 07 de maio de 2025 | 20:20

BRASÍLIA — Cobranças ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), pelo avanço da proposta para anistiar réus e condenados pelos atos do 8 de janeiro deram o tom da manifestação de Jair Bolsonaro (PL) em Brasília nesta quarta-feira (7). O protesto começou em um ponto turístico da capital federal e terminou a cerca de três quilômetros dali, pouco antes da chegada ao Congresso Nacional. Tudo aconteceu em pouco mais de uma hora — da saída à dispersão.

A principal preocupação dos organizadores liderados por Silas Malafaia era garantir que o ato fosse pacífico. O pedido, aliás, para que a caminhada se mantivesse tranquila e ordeira foi repetido da concentração ao encerramento. Durante o deslocamento, deputados e senadores recorreram ao microfone e discursaram endossando cobranças por uma atuação mais incisiva de Hugo Motta em relação à anistia; as principais cobranças partiram dos líderes da minoria, Filipe Barros (PL-PR), e da oposição, Zucco (PL-RS).

Quem também ganhou minutos ao microfone foi o deputado Rodrigo Valadares (União Brasil-SE). Ele é o relator do PL da Anistia na Câmara. Ele, inclusive, criticou uma eventual costura entre o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF) alternativa à anistia proposta pela oposição. O senador Carlos Portinho (PL-RJ) chegou a dizer que apenas uma anistia ampla, geral e irrestrita atenderia aos anseios da direita, e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) também reforçou que outras opções não são cogitadas. Durante a dispersão, ele disse que a anistia precisa, ainda, incluir uma emenda que mire a atuação do ministro Alexandre de Moraes — sem detalhar a que se referia.

Votação para proteger Ramagem também foi lembrada no ato

Enquanto os deputados da direita participavam da caminhada do alto do trio elétrico usado no deslocamento, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) discutia uma ação que interessava a eles. O que estava em jogo no colegiado era a suspensão da ação penal que corre no Supremo Tribunal Federal contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ). Ele virou réu em março por cinco crimes no âmbito do inquérito da tentativa de golpe.

Durante o ato, os organizadores chegaram a pedir que os deputados usassem o aplicativo da Câmara dos Deputados para votar pela suspensão da ação. Minutos depois, o líder da bancada do PL, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), usou o microfone para comemorar a vitória do partido. A direita vê a suspensão da ação penal contra Ramagem, aprovada pela CCJ e pendente de votação no plenário, como um recado a Hugo Motta, uma demonstração de força pró-anistia.