BRASÍLIA — Hugo Motta (Republicanos-PB) foi eleito na tarde deste sábado (1º) como o novo presidente da Câmara dos Deputados. O paraibano de 35 anos foi apoiado por 18 partidos e alcançou os votos de 444 dos 500 parlamentares que registraram presença.
Apoiado por Arthur Lira (PP-AL), Motta construiu a candidatura com um discurso de união e defesa da independência do Legislativo. Assim, conseguiu reunir em partidos que têm divergências ideológicas — do PT de Luiz Inácio Lula da Silva ao PL de Jair Bolsonaro.
A candidatura dele nasceu forte pelo apoio de Lira e pelas costuras que obrigaram Isnaldo Bulhões (MDB- AL), Elmar Nascimento (União Brasil-BA) e Antonio Brito (PSD-BA) a desistirem da disputa. Sem essas opções, ele se consolidou como único candidato viável e atraiu os apoios de 18 bancadas partidárias.
Também neste sábado, os deputados elegeram os membros que compõem a Mesa Diretora — são dois vices-presidentes e quatro secretários. A primeira vice coube a Altineu Côrtes (PL-RJ) pelo critério da proporcionalidade, uma vez que o partido detém a maior bancada.
A segunda vice-presidente foi entregue ao União Brasil, que escolheu Elmar Nascimento (BA) para a posição. Para as secretarias, a Câmara optou por: Carlos Veras (PT-PE) para a primeira; Lula da Fonte (PP-PE) para a segunda; Delegada Katarina (PSD-SE) para a terceira e Sérgio Souza (MDB-PR) para a quarta secretaria.
Motta acena à oposição ao defender imunidade parlamentar
Em seu discurso antes da votação, Motta acenou à oposição. Ele defendeu a independência do Legislativo e a imunidade parlamentar. “Fortaleceremos institucionalmente a Câmara para manter a autonomia e a independência do Legislativo diante de outros Poderes.
Um país equilibrado é construído com a harmonia entre os espaços democráticos. Queremos uma Câmara forte com defesa de prerrogativas e da imunidade parlamentar”, declarou.
O comentário de Hugo Motta pretende diminuir dissidências, principalmente na bancada do PL. Declarações sobre o enfraquecimento do Legislativo diante do Supremo Tribunal Federal (STF) são recorrentes entre deputados que compõem o grupo — e a promessa de Motta, uma tentativa de conciliação com eles.
Em resposta às críticas à condução de Lira com sessões tardias e ordem do dia publicada a minutos da abertura do plenário, Motta prometeu que garantirá a previsibilidade da pauta, evitando o início tardio de sessões e antecipando temas que entrarão em debate no plenário.
“Buscaremos discutir temas relevantes com previsibilidade da pauta legislativa. Considero importante a retomada das sessões no começo da tarde, evitando modificações de última hora”, afirmou. A ausência de previsão é uma das principais críticas à gestão de Arthur Lira (PP-AL).
Quem é Hugo Motta?
Aliado de primeira hora de Eduardo Cunha e do senador Ciro Nogueira (PP-PI), Hugo Motta começou sua trajetória na política aos 21 anos, quando eleito deputado federal pelo MDB.
O médico de família com tradição política no sertão paraibano alcançou projeção nacional quando Cunha o nomeou presidente da I da Petrobras, criada para investigar irregularidades em contratos da petrolífera.
Em 2019, ele migrou para o Republicanos e assumiu a liderança do partido na Câmara no ano seguinte. Com a eleição, Hugo Motta deixará a liderança do Republicanos na Câmara, e seu lugar no colégio de líderes deverá ser entregue ao mineiro Gilberto Abramo.
Quando começaram as articulações para a eleição para a presidência da Câmara dos Deputados, Hugo Motta ainda não despontava entre os três principais nomes — àquela altura: Antonio Brito, Elmar Nascimento e Marcos Pereira (Republicanos-SP).
Presidente do partido, Pereira desistiu de concorrer e indicou Motta. O paraibano é um nome com bom trânsito entre as bancadas e surgiu como uma opção de consenso, capaz de unificar as bancadas mais divergentes da Câmara. Com a sucessão de apoios à candidatura de Motta, Brito e Elmar desistiram da disputa.