BRASÍLIA — O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (PT-RJ), pediu à Polícia Federal (PF) o bloqueio dos bens e das contas bancárias do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela ajuda financeira que ele presta ao filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP), deputado licenciado nos Estados Unidos. A justificativa é que Jair Bolsonaro seria o “autor da captação irregular e financiador do núcleo externo da trama golpista”, segundo petição apresentada pelo PT à PF nesta segunda-feira.
“É uma forma de manutenção dessa organização criminosa que atua fora do país. Nunca houve algo parecido na história recente do país. Caminhamos para uma crise diplomática seríssima”, analisou Lindbergh após depôr à Polícia Federal. Na última semana, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a abertura de inquérito sobre a atuação de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos.
No depoimento prestado no âmbito dessa investigação, Lindbergh disse ter defendido que as manifestações de Eduardo no exterior configuram um “golpe continuado”. “A conduta do Eduardo é uma depredação simbólica do Supremo Tribunal Federal. Pedir sanções contra ministros, contra o procurador-geral da República, contra delegados da Polícia Federal... A gente quis mostrar um nexo de causalidade entre as movimentações dele e vários fatos que aconteceram depois”, argumentou o líder do PT.
Em petição apresentada à PF, o PT pede uma série de providências contra Eduardo e Jair Bolsonaro. Além do bloqueio de bens e contas, o partido pede interrupção das remessas de Jair para Eduardo e ainda a quebra dos sigilos bancário e fiscal dos dois.
“Para fins de rastrear valores enviados ao exterior com indícios de desvio de finalidade na arrecadação por Pix para financiar estrutura no exterior destinada a atacar o sistema de justiça brasileiro”, justificou o partido. O PT quer, também, que a PF entregue a cópia dos autos ao Ministério das Relações Exteriores, que deverá avaliar a suspensão e até o cancelamento do aporte diplomático de Eduardo Bolsonaro.