BRASÍLIA — No dia que antecede a eleição para a Câmara dos Deputados, partidos ainda articulam suas posições com a mudança na configuração da Mesa Diretora e das comissões. Nessa dança das cadeiras, o União Brasil garantiu um lugar privilegiado: a segunda vice-presidência — portanto, a terceira cadeira mais importante no plenário.
A bancada do partido almoçou nesta sexta-feira (31) com Hugo Motta (Republicanos-PB), favorito à sucessão de Arthur Lira (PP-AL), e decidiu indicar seu líder Elmar Nascimento (União Brasil-BA) como segundo vice-presidente. O deputado é aliado de primeira hora de Lira e cobiçou a presidência da Câmara, mas, desistiu da disputa em novembro por pressão do próprio partido, que desejava apoiar a candidatura de Motta.
Sem espaço para concorrer, Elmar começou a cortejar a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), colegiado mais importante da Câmara, e também a relatoria-geral do Orçamento — posição igualmente prestigiosa. Entretanto, o futuro dele foi decidido durante o almoço com Motta, do qual também participou o ministro do Turismo, Celso Sabino, nome do partido na Esplanada dos Ministérios de Lula (PT).
Outras cadeiras do plenário também foram ocupadas após articulações nos últimos dias. A primeira vice-presidência pertencerá ao PL, que detém a maior bancada da Câmara dos Deputados com 93 parlamentares. O nome indicado pelo partido para o cargo é do líder Altineu Côrtes (PL-RJ) — ele será substituído na liderança do partido por Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).
A primeira-secretaria permanecerá com o PT. Na gestão Lira, o partido ocupou o cargo com Maria do Rosário (PT-RS). Ela será substituída na posição por Carlos Veras (PT-PE). PP e PSD ainda negociam posições; o Podemos também cobiça um lugar na Mesa Diretora, mas a tendência é que o partido não consiga em decorrência do tamanho da bancada, que conta com apenas 14 parlamentares.
Como são definidos os vices e os secretários da Câmara?
A eleição para definir a composição da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados não é igual à votação para eleger o presidente. Vice-presidentes e quatro membros do secretariado são definidos por indicação dos blocos partidários que compõem a Casa Legislativa.
Pelo regimento interno, a formação da Mesa deve respeitar a proporcionalidade dos partidos ou dos blocos — ou seja, quanto maior for o bloco, mais cargos ele poderá ocupar na Mesa.
Pela proporcionalidade, a vice-presidência da Câmara dos Deputados pertencerá, novamente, ao PL.
Os blocos indicam os nomes para os cargos a que têm direito, e os deputados têm o direito de votar nos nomes indicados — o que ocorre, costumeiramente, são candidaturas únicas.
Um exemplo foi a última eleição, quando o maior bloco indicou Marcos Pereira (Republicanos-SP) para 1ª vice-presidência; sem adversários, ele ganhou o cargo após receber 458 votos favoráveis contra 51 votos brancos e quatro abstenções.
A composição dos blocos e a definição de quais partidos terão direito a quais cargos normalmente é fruto de acordo partidário.