BRASÍLIA - A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, voltou a confirmar a ocorrência de incêndios criminosos no país nas últimas semanas. De acordo com ela, a mudança do clima “é um agravante”, mas não a única causa das queimadas que trouxeram “prejuízos irreparáveis” na biodiversidade. 

Marina também declarou que Brasil pode perder todo o Pantanal até o fim deste século se o cenário de degradação climática e aquecimento global não for revertido no mundo. Ela esteve, nesta quarta-feira (4), na Comissão de Meio Ambiente do Senado. 

"Segundo pesquisadores, se continuar o mesmo fenômeno em relação ao Pantanal, o diagnóstico é de que poderemos perder o Pantanal até o final do século. Isso tem um nome: baixa precipitação, alto processo de evapotranspiração, não conseguindo alcançar a cota de cheia, nem dos rios nem da planície alagada", explicou. 

De acordo com a ministra, o fenômeno causa, a cada ano, a pera de cobertura vegetal, “seja em função de desmatamento ou de queimadas”. “Você prejudica toda a bacia e assim, segundo eles [pesquisadores], até o final do século nós poderemos perder a maior planície alagada do planeta", acrescentou. 

Ela contou que Pantanal vive, atualmente, a maior seca dos últimos 74 anos e que nove Estados estão com todo o território em nível de “estiagem severa”. No restante do país, apenas dois não enfrentam seca, e todos os outros Estados têm algum registro de estiagem. Na Amazônia, por exemplo, há o pior cenário dos últimos 40 anos. 

Os registros, segundo a ministra, "não têm nada a ver com ignições naturais”, relacionando a baixa umidade e o desmatamento como fatores contribuintes. Como exemplo, ela citou a cidade de Corumbá (MS), que teve “um aumento de mais de 50% do desmatamento e o município respondendo por cerca de 50% dos incêndios que assolaram o Mato Grosso do Sul”. 

Marina Silva declarou que o governo federal atua para “empatar o jogo” com “condições totalmente desfavoráveis" na tentativa de reduzir os danos ambientais. O número de queimadas no país em agosto foi o maior dos últimos 14 anos. Foram 68.635 registros totais e uma fumaça que se espalhou pelo país. O número foi computado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).