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Com discurso renovador, Pedro Rousseff divide opiniões e até desperta ‘ciúmes’ no PT de BH
Sobrinho-neto da ex-presidente Dilma defende renovação dos quadros da esquerda e destoa do estilo dos demais vereadores eleitos do partido para Câmara Municipal
Chancelado pelo sobrenome da tia-avô, a ex-presidente Dilma Rousseff, e com apoio de nomes da velha guarda do PT, Pedro Rousseff, de apenas 24 anos, chega à Câmara Municipal com um discurso que destoa dos demais vereadores eleitos e defendendo a renovação do partido. O novo parlamentar foi o sexto mais votado de Belo Horizonte, com 17 mil votos. Por conta de sua postura e da forma como conseguiu se eleger, Rousseff já estaria despertando “ciúmes” e dividindo opiniões de dentro do PT. Segundo fontes relataram ao Aparte, ele é visto como um “desconforto necessário”.
Nas redes sociais, Pedro Rousseff reúne 130 mil seguidores no Instagram, 112 mil no X e mais de 280 mil no TikTok, onde começou a militância política após a eleição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em 2018. Apesar de concorrer pela primeira vez este ano, Pedro esteve envolvido na eleição Lula e de deputados estaduais em 2022, e tem apostado num discurso de ataque contra figuras da direita conservadora e do movimento antipetista.
Em conversa com o Aparte, Rousseff itiu que sua eleição causou um desconforto dentro do partido, mas disse que vê isso como benéfico, para estimular um debate sobre a necessidade de renovação do discurso do PT: “Nosso foco principal não é defender, é atacar. Cansei de apanhar, de fake news, de mentiras, e decidi fazer uma abordagem ao contrário. Ao invés de só defender e falar o que é mentira, vamos atacar e fiscalizar, vamos para o embate, não vamos ficar de cabeça baixa. Nossa eleição pode gerar desconforto, mas é natural, porque a renovação precisa disso”.
Interlocutores de dentro do diretório estadual da legenda, contudo, relataram à coluna que, enquanto uma parte do PT concorda com a visão de Pedro Rousseff, outra veria a postura agressiva dele com maus olhos e teria, até mesmo, casos de ciúmes da sua posição e votação expressiva. Isso porque diversos candidatos que tiveram apoio de nomes fortes do partido não conseguiram a eleição, enquanto Rousseff, que fez uma campanha diferente do que a sigla está acostumada, conquistou o posto de vereador mais votado da história do PT de Minas Gerais.
“Tivemos candidatos que seguiram a cartilha do PT e não conseguiram ser eleitos. Pensa no desconforto que dá para as pessoas que estão há 30 anos dentro do partido, coordenando campanhas, e não conseguindo eleger seus candidatos? Isso causa um incômodo, mas muita gente vê isso como algo positivo, para reavaliar, porque o Pedro é totalmente alternativo e conseguiu se eleger muito bem. Ele trilhou o caminho dele sozinho, sem ser ligado a correntes internas”, disse um desses interlocutores.
Apesar de não se render às correntes internas de dentro do PT, que já estariam competindo para angariar o apoio do jovem vereador, Pedro Rousseff contou com doações financeiras elevadas de nomes fortes da velha guarda petista. De um total de meio milhão de reais doados para a campanha, R$ 100 mil vieram do ex-ministro e amigo pessoal do presidente Lula, Walfrido dos Mares Guia e R$ 30 mil do ex-deputado federal Virgilio Guimarães.
Bancada. Nas poucas vezes que a nova bancada do PT se reuniu desde as eleições, a figura de Pedro Rousseff já se destoou da dos colegas. Assim como ele, Pedro Patrus e Luiza Dulci também vêm de famílias tradicionais do partido, mas adotam um tom mais tranquilo e evitam ataques diretos a outros políticos. O líder da bancada petista, Bruno Pedralva, único que não carrega sobrenome da velha guarda do PT, também evita confrontos.
Em conversa com a coluna, Pedralva garantiu que todos os vereadores da legenda possuem uma ótima relação. “Vejo a eleição do Pedro com bons olhos, e a gente espera que ele trabalhe de forma articulada com a esquerda. Porque as redes são importantes, mas na Câmara estamos lutando contra a fome e a desigualdade”.