OCUPAÇÃO

Estado promete tirar prédio do DOPS da lista do Propag e criar memorial da ditadura

Audiência de conciliação foi realizada entre manifestantes que ocupam prédio e representantes do governo estadual

Por Hermano Chiodi
Atualizado em 30 de maio de 2025 | 20:51

O governo de Minas Gerais se comprometeu a retirar o prédio do antigo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), em Belo Horizonte, da lista de imóveis que a istração pretende entregar ao governo federal para pagar dívidas com a União. Os representantes da gestão Romeu Zema (Novo) também prometeram estabelecer um cronograma para que o espaço comece a funcionar como memorial dos direitos humanos, em respeito às vítimas da ditadura militar no Brasil.

A promessa foi realizada durante audiência de conciliação realizada no Tribunal de Justiça de Minas Gerais que buscou criar um canal de diálogo entre o governo estadual e manifestantes que ocupam o prédio desde o início de abril. Um projeto de 2018 determinou que o local fosse transformado em um museu para funcionar como “Memorial dos Direitos Humanos”. O imóvel, contudo, permaneceu abandonado.

“O imóvel, objeto de reintegração, por se tratar de bem histórico duplamente tombado e também em processo de tombamento pelo IPHAN, Deverá ser retirado do rol de bens a serem oferecidos ao governo federal para adesão ao propag”, diz o texto do acordo. “Deverá ser fixado um cronograma de comum acordo entre as partes , para que tenham início os trabalhos de transformação do espaço em memorial”, conclui o documento assinado por representantes dos manifestantes e do Estado, sob a coordenação do desembargador Luis Carlos Gambogi.

Também ficou acordado que os obstáculos que hoje dificultam o trânsito dos manifestantes que ocupam o prédio serão removidos e a colaboração dos representantes da sociedade civil a colaborar na busca de recursos para a criação do memorial.

Memorial

Durante a ditadura militar, o prédio foi utilizado para a polícia política prender e interrogar adversários do regime. No espaço ainda há espaços identificados como possíveis locais de tortura, como uma sala com isolamento para abafar gritos e uma piscina, que, segundo pesquisadores, seria própria para afogamentos. 

Extinto em 1989, o DOPS foi alvo de denúncias de violações de direitos humanos durante a ditadura militar no Brasil, que teve início em 1964. Entretanto, o lugar acabou se tornando uma disputa de narrativas. Isso porque, por outro lado, agentes negaram as práticas e teriam buscado ocultar provas. Esse embate foi tema da dissertação de Débora Silva, historiadora, pesquisadora na UFMG e gerente de Pesquisa e Acervo do Memorial Brumadinho.