Estratégias de liderança para mulheres
Quebrando o teto de vidro
Fui professora universitária por mais de 10 anos, ministrando matérias técnicas da área de comunicação, como semiótica e análise crítica da mídia, mas também a matéria introdutória de comunicação e língua portuguesa, que é obrigatória para todos os cursos. Essa última disciplina, por ser geral, me deu a oportunidade de ar por mais de 20 cursos diferentes, do direito à medicina.
Era incrível ver como, na maioria dos cursos, o maior número de discentes era do sexo feminino e, mesmo na engenharia, que possuía um número maior de homens, as mulheres eram as alunas mais dedicadas.
No entanto, quando olhamos para as empresas, vemos um número menor de mulheres em cargos de comando, mesmo elas sendo mais dedicadas aos estudos. Foi necessário eu me tornar empresária para perceber e analisar algumas coisas.
De fato, a sociedade não facilita a vida das mulheres: somos mais responsáveis pela casa e pelos filhos e, muitas vezes, desistimos no caminho. Além disso, somos criadas não para comandar, mas para obedecer, então, a liderança não é uma tarefa simples para a mulher. Coloquei muitas mulheres em cargos de liderança, mas rapidamente percebi que muitos funcionários, mesmo mulheres, respeitam menos o comando de outra mulher.
Comecei a me questionar o porquê de, quando coloco um homem, as pessoas o respeitarem mais. Claro que a questão social faz diferença, mas há outros fatores. Comecei a perceber mais a comunicação da mulher no mercado de trabalho e notei rapidamente que, quando a mulher se posiciona, muitas vezes não o faz de forma firme, e isso acaba não gerando respeito.
Ao ser enfrentada, a mulher, muitas vezes, grita e, por isso, chegavam a mim comentários de que a chefe era muito “histérica”, falas oriundas de outras mulheres, inclusive. Para crescer, eu percebi cedo que precisava falar firme e em tom grave, não gritar, mas “falar grosso”, inicialmente, como os homens fazem. Depois, a gente descobre que pode também sorrir mais e conquistar espaços.
Tudo isso para falar sobre como não é fácil para uma mulher se posicionar. Fernanda Torres foi premiada com o Globo de Ouro, mas já vinha fazendo uma campanha mirando o Oscar. Ela se posicionou, mais que isso, soube se posicionar. Isso faz muita diferença, porque não é só o que somos, é também o que demonstramos em uma sociedade tão machista como a nossa.
Então, algumas dicas para enfrentarmos o patriarcado e ascendermos socialmente por meio da comunicação:
- autoconfiança – se eu me sinto insegura, os outros percebem, temos de acreditar no nosso potencial; assertividade – se falamos claramente o que pensamos, sem rodeios, parecemos mais fortes;
- assumir o não – a mulher é criada para abaixar a cabeça e aceitar, temos que saber negar, o que não significa perder a empatia, mas apenas não ceder o tempo todo;
- e, o mais importante, não minimizar conquistas – homens fazem campanhas o tempo todo nas empresas mostrando o que fizeram, muitas vezes fazemos mais e mostramos menos.
Quem não é visto, não é lembrado.