Kassab, o grande articulador
Figura fundamental nas eleições, com ou sem Bolsonaro
A cada dia, o paulista Gilberto Kassab vem se cacifando como o grande articulador político do país, uma figura que anda sumida de nossa vida política faz tempo. Kassab, que foi prefeito de São Paulo em dois mandatos – era vice de Serra, que deixou o cargo para se candidatar à Presidência e depois foi reeleito –, é o presidente do PSD, partido que ajudou a fundar e que vem se tornando o maior e o mais influente do país. Já existem negociações para novas e importantes filiações à legenda visando às eleições do ano que vem.
O vice-governador Mateus Simões, que deve disputar o governo de Minas, negocia deixar o Novo para se filiar ao PSD, como fez recentemente a governadora tucana de Pernambuco, Raquel Lyra, e como parece iminente que fará o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, também deixando o PSDB.
Kassab atualmente é secretário do governador Tarcísio de Freitas, mas tem uma extensa carreira política, tendo ocupado cargos nos três níveis de Poder. Com esta autoridade de político experiente, com traços das velhas raposas políticas, tem conduzido seu partido e remontado a estrutura partidária do país. Kassab demonstra bom senso em suas articulações. Não é afoito. Prova disso é que, ao contrário de muitos, trata com muito cuidado o futuro político de Tarcísio de Freitas, de quem é secretário de Relações Institucionais. Para ele, Tarcísio deveria buscar a reeleição, recusando uma candidatura à Presidência da República como representante da direita. Essa seria uma etapa seguinte.
A sensatez e a capacidade de articulação e de liderança política já fazem de Kassab um nome desejado por outros grupos políticos. A esquerda mais moderada já fala em cooptá-lo para a composição da chapa com Lula no ano que vem. Para um grupo próximo de Lula, ele teria, sobre Alckmin, a vantagem da desenvoltura na articulação política e, certamente, agregaria apoios de vários partidos e grupos que hoje descartam Lula – e também a direita radical, preferindo um nome de centro. Como vice, Gilberto Kassab seria a garantia de um governo de centro.
Mas, apesar de uma mexida aqui, outra acolá, as articulações dos políticos visando às eleições do ano que vem ainda são tímidas. Já há, é verdade, alguns palanques sendo armados, mas tudo ainda depende do Supremo Tribunal Federal. É que existem dúvidas, embora, para muitos, por conveniência sobre o futuro político do ex-presidente Bolsonaro e seu grupo. A presença, direta ou indireta, do ex-presidente na disputa de 2026 muda o quadro.
Hoje o Supremo começa a dar contornos ao futuro político do ex-presidente, com o julgamento da denúncia de articulação da tentativa de golpe de 8 de janeiro. Se aceitar a denúncia, o STF torna o presidente réu e, certamente, condenado ainda este ano. Com Bolsonaro condenado, inelegível e, provavelmente, preso ou exilado, o quadro político-partidário brasileiro para 2026 será inteiramente outro. Mas com Kassab ainda forte, certamente.