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Paulo César de Oliveira

O jornalista e empresário escreve às terças-feiras

PAULO CÉSAR DE OLIVEIRA

Lula para o quarto mandato

Presidente precisa liderar e evitar conchavos no governo

Por Paulo César de Oliveira
Publicado em 18 de fevereiro de 2025 | 07:00

O presidente Lula já avisou que, se tiver saúde, vai disputar o quarto mandato, buscando a reeleição no ano que vem. As atuais pesquisas negativas, parece, não o assustaram. Mas é fundamental que ele abra os olhos rapidamente para corrigir erros que, a persistirem, certamente inviabilizam o sonho do quarto mandato, que será um recorde no Brasil.

Lula precisa se conscientizar de que não basta mudar sua embalagem digital, por melhor que seja o profissional que escolheu para essa tarefa. Também pouco adianta a insistência na política do criar benefícios, como o anunciado vale-gás. De nada adianta o gás se a população não tiver renda para comprar o que colocar na a para ligar o fogão.

É preciso entregar políticas públicas que melhorem a renda da população, que reduzam impostos, que melhorem a saúde, a segurança, enfim, políticas que realmente beneficiem o povo, sem atitudes paternalistas. 

Mas, para mudar, é preciso liderar. Liderar sem conchavos. Para governar, Lula se viu obrigado a ceder, a abrir espaços para velhas raposas. Mas nem assim conseguiu levar adiante projetos importantes para o país, como o básico, o Orçamento de 2025. Tudo está parado por causa do pagamento das emendas parlamentares que os fatos têm comprovado serem escoadouros de propinas. 

Lula, para governar e reduzir riscos, montou um ministério com quase 40 vagas, acomodando cobras e lagartos. São muitos, mas poucos com as qualidades de Haddad, Padilha e José Múcio, por exemplo. Faltam na equipe nomes como Walfrido dos Mares Guia, que muito ajudou Lula, nos governos anteriores, na interlocução com o empresariado e se tornou amigo pessoal do presidente pelo diálogo franco com mantém com ele. 

O poder, reconhecem os que já o exerceram, é solitário. Falta quem fale as verdades com o mandatário. Sobram os bajuladores. 

Uma noite no bar do extinto Hotel Del Rey, em Belo Horizonte, o saudoso Carlos Murilo Felício dos Santos proporcionou um encontro do grande estadista JK comigo. Uma conversa amena e aberta. A certa altura do papo perguntei a JK o que era “corriola”.

E ele me disse: “Paulo Cesar, o homem público necessita dos amigos (poucos, diga-se de agem) que falem a verdade e façam as críticas sem rodeios”. Era estes que ele chamava para encontros nos palácios da Liberdade e Planalto depois do expediente. Era a “corriola”. Algo que falta hoje aos governantes, sempre rodeados de “puxa-sacos”, que não hesitam em pular do barco diante de qualquer sinal de problema. É a triste realidade na vida, na política.

Na política, as pesquisas são a água que afundam os barcos, fazendo pular os falsos aliados.