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Acílio Lara Resende

Acílio Lara Resende é jornalista e escreve às quintas-feiras

ACÍLIO LARA RESENDE

Está mais do que clara a vocação autoritária de Trump

Momento de tensão no mundo democrático

Por Acílio Lara Resende
Publicado em 03 de abril de 2025 | 07:00

Como diz o ditado, “aqui como acolá problemas há”. São muitos os brasileiros que hoje am por momentos de tensão não só com o nosso país, mas com o mundo todo. Temem que as coisas desandem de tal sorte que o regime democrático, sobretudo o adotado nos Estados Unidos há mais de 200 anos, seja, enfim, ferido de morte.

Agora, por exemplo, o presidente Donald Trump, além de inúmeras “ordens” (ou decretos) que já comprometeram o comércio global, declarou que busca a sério um terceiro mandato. A afirmação foi feita no fim da semana ada: “Não estou brincando”, disse Trump à apresentadora do programa “NBC News”, Kristen Welker. “São muitas as pessoas que desejam que eu cumpra um terceiro mandato. Existem métodos pelos quais você poderia fazer isso. Mas ainda – finalizou – temos um longo caminho pela frente. Estou focado no atual mandato”.

A 22ª Emenda, leitor, a partir de 1951, e depois que o ex-presidente Franklin D. Roosevelt foi eleito ao cargo quatro vezes seguidas, ou a estabelecer que “nenhuma pessoa será eleita para o cargo de presidente mais de duas vezes”. Donald Trump não lhe dá confiança e ainda disse à apresentadora que a concordância dos norte-americanos com mais um mandato se deve à sua alta popularidade, que alcança 47%, segundo dados do Instituto Gallup. Mas ele afirma que tem “os números mais altos de aprovação de qualquer republicano nos últimos cem anos”. E isso não é verdade. Na sua frente, segundo o mesmo Instituto Gallup, estão os presidentes George W. Bush e George H. W. Bush, que alcançaram 90% e 89% de aprovação.

O que mais preocupa nos Estados Unidos é o silêncio ou até mesmo – quem diria? – a incapacidade das suas instituições democráticas diante de uma perigosa escalada autoritária imposta por Donald Trump e seus aliados, que agora se volta contra as universidades americanas de modo geral, que se acham ameaçadas não apenas de cortes de verbas, mas de perda de sua plena liberdade de expressão.

Voltemos, por fim, ao nosso pequeno mundo, que já nos traz graves preocupações. Desde a transformação dos acusados em réus (refiro-me ao ex-presidente Jair Bolsonaro e aos que estiveram junto dele na tentativa de golpe de Estado) e até o fim do ano, vamos enfrentar, com certeza, momentos de grandes e variadas turbulências.

O ex-presidente Bolsonaro se mantém como candidato em 2026 mesmo que esteja impedido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Sua disposição é a seguinte: sendo ou não candidato, é preciso que se mantenha em alerta o seu eleitorado. Nenhum candidato da direita que ele representa será eleito sem seu declarado apoio. Só que as coisas não estão boas para ele no STF. Na entrevista à “Folha de S. Paulo”, no último domingo, Bolsonaro itiu ter conversado com auxiliares sobre estado de sítio e de defesa e de intervenção federal, mas que essas possibilidades foram descartadas. Vale dizer: produziu provas contra si mesmo. No final da entrevista, ainda disse: “uma possível prisão seria injusta e o fim da minha vida, eu já estou com 70 anos”.