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Acílio Lara Resende

Acílio Lara Resende é jornalista e escreve às quintas-feiras

ACÍLIO LARA RESENDE

Entre a saudade e a esperança

Expectativas sobre a sucessão papal e o destino de ex-presidentes

Por Acílio Lara Resende
Publicado em 01 de maio de 2025 | 07:00

Quase um bilhão e meio de fiéis espalhados pelo mundo se dividem hoje entre a doída saudade do papa Francisco e a esperança de que o seu papado se prolongue através do seu sucessor.

Poderão estar aptos a votar, a partir do dia 7 de maio, quando se inicia o conclave, 135 cardiais. Destes, 108 tornaram-se cardeais pelo atual papa. Isso não quer dizer, todavia, que todos estarão totalmente afinados com a pregação do papa Francisco, que se dedicou aos pobres e/ou carentes de tudo. E só teremos essa resposta quando for liberada a fumaça branca, provocada pelas cédulas queimadas, através da chaminé a ser instalada.

Essa fumaça poderá surgir mais depressa do que se imagina, mas poderá levar alguns dias. O conclave será comandado pelo cardeal italiano Pietro Parolin, que é o número 2 na hierarquia do Vaticano e, também, secretário de Estado da Santa Sé.
Enquanto esperamos a saída da fumacinha branca (a do Francisco levou apenas dois dias), que significa que, finalmente, “Habemus papam” (uma expressão latina, que quer dizer “Temos Papa”), voltemos ao nosso mundinho político. Refiro-me, leitor, sobretudo, ao do Brasil, que nos torna cada vez mais preocupados com o nosso futuro.

Estamos diante de duas tristes realidades (além de muitas outras, como, por exemplo, a do desvio que pode chegar a R$ 6,3 bilhões envolvendo aposentados e pensionistas do INSS). A primeira diz respeito à prisão pela Polícia Federal do ex-presidente Fernando Collor de Mello, ocorrida na madrugada de sexta-feira ada. Ele é o terceiro ex-presidente, depois de Lula e Michel Temer, a ser preso desde a redemocratização.

Julgado em 2023 pelo Supremo Tribunal Federal (STF), foi considerado culpado por corrupção – não como ex-presidente, mas como senador por Alagoas – por ter recebido propina da empreiteira UTC para influenciar contratos junto à BR Distribuidora. Alegando problemas de saúde, os seus advogados tentam transformar a prisão em prisão domiciliar. Um favor legal realmente difícil de ser obtido. Collor está preso no presídio Baldomero Cavalcanti de Oliveira, em Maceió.

A outra triste realidade – a segunda, para continuar o que disse antes – é a provável prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, que dificilmente deixará de ser considerado, pelo STF, como um dos responsáveis pela “insurreição fascista”, ocorrida no dia 8 de janeiro de 2023, que não ou, na realidade, de tentativa de golpe de Estado.

Bolsonaro, ainda na UTI depois de grave cirurgia (proveniente da facada que tomou em 2018), não desiste de tentar uma saída através do PL da Anistia. Mas o que hoje de fato ocorre entre Congresso e Supremo é outra coisa. Está em estudo, em conjunto, segundo a colunista Mônica Bergamo, da “Folha de S. Paulo” de 29.4, a aprovação de uma lei “que diminua as penas dos condenados do 8/1” (o STF se encarregaria de examinar cada caso) “e, por outro lado, aumente as punições para lideranças de tentativas de golpe de Estado no Brasil”.

O ex-presidente Jair Bolsonaro não se submeteria – diz Mônica Bergamo –às penas dessa nova lei, que seriam menores, mas, sim, “às penas já existentes quando começou a ser investigado”.