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Morre o papa que deixou a Igreja Católica mais humana
“A morte não é o fim. É o momento do encontro com Deus”
Não é a primeira vez que enfrento esta desafiante página em branco, na qual costumo construir, semanalmente, algumas linhas. E é esse desafio, leitor, que me faz continuar atento e, sobretudo, a acreditar no ser humano, mesmo que ciente da sua falibilidade. Desta vez, porém, a morte do argentino Jorge Mario Bergoglio, aos 88 anos, que, eleito papa há 12 anos, fez questão de adotar o nome de “Francisco”, em homenagem ao santo dos pobres, me deixou ainda mais desolado.
A morte do primeiro papa latino-americano se deu depois de 38 dias internado em hospital. No dizer de muitos, era um pai, que partiu no período da Páscoa, horas após o encerramento da Semana Santa. Descumprindo recomendações médicas, sua última aparição, cuidadosamente pensada, foi ao lado do povo que tanto amou em vida.
Francisco nos deixa num instante em que o mundo mais precisa de humanistas como ele. Em seu primeiro discurso como papa, da sacada da Basílica de São Pedro, com simplicidade – uma das suas principais virtudes –, e referindo-se ao bispo de Roma, exclamou: “Parece que meus irmãos cardeais foram aos confins da Terra” para buscá-lo. Mas Francisco demonstrou logo à cristandade a que veio. E, ao nos deixar, recomendou que seu corpo fosse enterrado em um caixão de madeira e zinco, na Basílica de Santa Maria Maior, fora do Vaticano, em um túmulo sem ornamentos e com esta única inscrição: “Franciscus”.
O jornal O TEMPO, em sua edição da última terça-feira, que vem acompanhada de um caderno especial sobre “Franciscus”, lembra aos seus leitores o que disse o papa Francisco sobre a morte, sobre os pobres e sobre a família. A primeira: “A morte não é o fim. É o momento do encontro com Deus”. A segunda: “Os pobres são a bandeira do Evangelho e estão no coração de Jesus. Isso não é comunismo. Isso é cristianismo em estado puro”. A terceira: “A família é como uma fábrica de esperança, é onde se aprende a amar, a perdoar, a ser generoso”.
Francisco desafiou conservadores e progressistas. Alguns críticos viram em suas atitudes o que definiram como “populismo religioso”. Essas acusações não surtiram qualquer efeito. Ao contrário, deixaram incomodados os que procuravam intrigá-lo politicamente. Em resposta aos seus poucos críticos, dizia sempre: “Somos a imagem do Senhor, e Ele faz o bem, e todos nós temos este mandamento em nosso coração: faça o bem, não faça o mal”. E, quando alguém lhe dizia que era ateu, o papa acrescentava: “Mas faça o bem: nós nos encontraremos lá”.
Que o seu substituto continue o que Francisco começou e saiba, assim, manter o seu legado. Pois não foi à toa que Mario Bergoglio foi o primeiro pontífice das Américas, o primeiro jesuíta a liderar a Igreja Católica, o primeiro papa nascido fora da Europa em 1.200 anos e o primeiro a escolher o seu nome inspirado em são Francisco de Assis, que dedicou sua vida aos pobres e desvalidos de tudo. Que fique sempre atento às desigualdades sociais e aja com compaixão e diálogo.
E que mantenha sempre viva a chama da esperança.