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Acílio Lara Resende

Acílio Lara Resende é jornalista e escreve às quintas-feiras

ACÍLIO LARA RESENDE

O tsunami provocado por Donald Trump causa medo

Ameaças de anexação, bombardeio e guerra comercial por EUA

Por Acílio Lara Resende
Publicado em 20 de março de 2025 | 07:00

O tsunami provocado por Donald Trump, eleito presidente dos Estados Unidos pela segunda vez, anda causando medo em muita gente. Não é à toa que parte do mundo se une contra quem, na realidade, usa o seu mandato como uma arma poderosa contra tudo e contra todos. Já falou em anexar o Canadá e a Groenlândia. Já ordenou bombardeios contra os rebeldes houthis, no Iêmen, aliados ao Irã (ao qual já ameaçou também), dizendo-lhes que “o inferno cairá sobre eles”.

Com suas autoritárias “ordens executivas”, Trump pretende implodir o comércio global, ainda que isso seja prejudicial ao seu próprio país. O Brasil corre enorme risco de ser uma das suas vítimas com a implantação de novas tarifas sobre o alumínio e o aço.

O presidente Lula até que esboçou alguma reação às atitudes do “poderoso chefão”, mas o que ainda se vê por aqui é uma tentativa de usar a diplomacia para amenizar, através do diálogo, as tarifas até agora já impostas. Um trabalho hercúleo, que exige educação e civilidade, atributos que estão longe de fazer parte da personalidade de Trump. Ou, então, através de viagens apressadas ao Japão e ao Vietnã, por exemplo, com o objetivo de aumentar ou abrir novos mercados. É para isso que, no próximo sábado, o presidente Lula embarca para esses dois países. No primeiro, tentará abrir o mercado para a nossa carne bovina; no segundo, tentará torná-lo parceiro estratégico do Brasil.

A esperança é, sem dúvida, a última que morre. Tomara que o Brasil consiga boas negociações. Todavia, enquanto isso, aqui mesmo, em nosso país, direitistas extremados torcem pelo sucesso do governo de Donald Trump. No último domingo, porém, parte desses brasileiros viveu enorme frustração. Os organizadores da manifestação programada para o Rio de Janeiro, em favor da anistia do próprio Jair Bolsonaro e dos condenados pelos atos golpistas do “8 de Janeiro”, esperavam a presença de um milhão de adeptos.

De acordo, porém, com o “Monitor do Debate Político no Meio Digital”, o ato reuniu apenas 18,3 mil. E foi esse o público informado pelo jornal “O Estado de S. Paulo” e, também, pelo jornal “O Globo”. A “Folha de S. Paulo” informou que “o ato contou com 30 mil pessoas no RJ”.

A propósito, o “Estadão” publicou, no último domingo, o caderno especial “República Viva”. São muitas as visões espalhadas nas suas 20 páginas. Depreende-se dessas visões que é nos valores republicanos que se encontra o combate à polarização, que, em certo grau, já fez parte do jogo político no Brasil. Mas esse fenômeno “assumiu contornos perigosos para a estabilidade das instituições democráticas e o debate dos graves problemas do país”, tanto no Brasil quanto no mundo. Ela se tornou, como afirmou o próprio “Estadão”, “destrutiva”.

Enfim, há, com certeza, várias saídas, que am por reformas institucionais. Nenhuma é fácil. Destaco algumas: respeito à liberdade e às oportunidades individuais, diminuição da desigualdade e igualdade de todos perante a lei.