Belo Horizonte quer neutralizar emissões de gás carbônico até 2050
Para atingir o objetivo, a prefeitura planeja implementar novas ciclovias, ônibus elétrico e mais arborização

Três grandes planos em políticas públicas estão em curso para que Belo Horizonte conquiste a desafiadora meta de neutralização do carbono até 2050, assumida pelo município junto à campanha global Race to Zero. Além do Plano Local de Ação Climática (Plac) e do Plano de Arborização, há ainda o Plano de Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa (PREGEE), dividido em três eixos – mobilidade, saneamento e energia.
Lançado em 2013, revisado em 2020 e prestes a ser atualizado, o PREGEE, que conta com 99 ações em seu escopo, terá ações intensificadas este ano para melhorar ainda mais os índices de redução das emissões dos gases de efeito estufa. Entre os anos de 2021 e 2022, os valores totais de gás carbônico emitidos em Belo Horizonte caíram de 3.788.195 toneladas (tCO2e) na atmosfera para contra 3.273.535 tCO2e.
O PREGEE já indicou que o transporte é o maior poluidor no município e, nesse período, as emissões aumentaram de 2.053.438 tCO2 para 2.458.270 tCO2.
Resíduos são o segundo maior emissor de poluentes - Foto: Flávio Tavares/ O TEMPO
Depois do transporte, o segundo maior poluidor são os resíduos (esgoto e lixo). Em terceiro lugar estão as fontes estacionárias de energia, como as centrais de energia elétrica. As emissões per capita de 2021 foram de 1,601tCO2e/hab e em 2022 caíram para 1,56tCO2e/hab.
Entre as várias ações para minimizar ainda mais a emissão de gases de efeito estufa (GEEs) na capital mineira estão a compra de 100 ônibus elétricos, com investimentos de R$ 317 milhões. O recurso foi obtido junto ao Governo Federal pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Seleções, anunciado em maio.
O PAC vai reforçar o plano de Mobilidade Lima, lançado em setembro de 2023 pela prefeitura (PBH). A proposta é substituir 40% da frota atual, até 2030, por ônibus com energia limpa. Os testes começaram em outubro e, ainda este mês, serão feitos outros, com quatro fabricantes: Ankai Brasil, Volvo, Marcopolo e BYD.
Mais qualidade de vida
Para o secretário Municipal Interino de Meio Ambiente, Gelson Leite, as ações colocam Belo Horizonte no cenário de capitais globais com metas que visam à melhoria da qualidade de vida e redução de impactos na saúde das pessoas e no meio ambiente.
“Os planos são de extrema importância para a istração pública, pois são ferramentas que mapeiam os dados do município, nos permitindo traçar políticas públicas mais assertivas”, enfatiza Gelson Leite.
PBH vai lançar um online para monitoramento das ações
Para que a população acompanhe as ações referentes aos planos de Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa (PREGEE) e de Ação Climática (Plac), um de Monitoramento das Ações Climáticas está sendo desenvolvido. Lá, será possível acompanhar tudo que está sendo feito. “O vai estar na internet, ível pelo site da PBH . Em julho já devemos ter uma parte no ar”, diz o secretário Municipal Interino de Meio Ambiente, Gelson Leite.
Ciclovias
Outra medida rumo à meta carbono zero é aumentar a rede de ciclovias da cidade – este ano serão cerca de 14 quilômetros novos, totalizando, até dezembro, 125 quilômetros.
Segundo Leite, para complementar as ações, “serão intensificados os esforços de educação ambiental, com campanhas de conscientização, incentivando a participação ativa de todos os cidadãos na luta contra as mudanças climáticas”.
Para o coordenador dos cursos de Arquitetura e Urbanismo e Engenharia Civil do Ibmec BH André Luiz Prado, as medidas têm impacto direto sobre a qualidade de vida e sobre a drenagem urbana.
“No caso do plantio de árvores, por exemplo, elas oferecem sombra, que influenciam o sistema de chuvas do local, que interferem na drenagem urbana. Tudo está interligado. Se a cidade vai perdendo área de infiltração de água, isso aumenta o risco de inundações. Então, é preciso observar tudo isso, propondo políticas que analisem as especificidades de cada região da cidade”, analisa.
Prado ressalta a importância de priorizar o plantio de novas mudas onde está a maior emissão de gases – ou seja, no centro da cidade, que tem a maior infraestrutura e concentração de transporte público.
“O centro está com poucas árvores, só na praça Raul Soares foram suprimidas três árvores. É preciso priorizar o plantio onde já temos os canteiros e as covas e, no médio e longo prazo, pensar em como fazer para retomar os cursos d’água na capital, as matas ciliares em parques lineares. É um desafio e tanto”, conclui.
Carbono zero
A neutralização de carbono por plantio de árvores ocorre por meio do sequestro de carbono da atmosfera. O carbono é retirado do meio ambiente e fixado na biomassa da planta. As florestas sequestram o elemento apenas na fase do crescimento das árvores, pois ao atingirem o seu clímax, o balanço da compensação de CO2 é 0.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Florestas (IBF) a cada 7 árvores, é possível sequestrar 1 tonelada de carbono nos seus primeiros 20 anos de idade. Com base nesta média é determinada a quantidade de árvores que serão necessárias para neutralizar as emissões dos Gases de Efeito Estufa (GEE).