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Selic: Copom segue promessa e eleva juros a 13,25% em 1ª reunião chefiada por Galípolo
O aumento foi o quarto seguido aplicado pelo Copom; resultado coloca o Brasil com a quarta maior taxa de juros do mundo

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) seguiu o previsto e elevou a Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira, a 13,25%. A decisão foi tomada na primeira reunião do colegiado com Gabriel Galípolo à frente da presidência da autoridade monetária nacional. O aperto já era esperado e foi anunciado após o último encontro do ano ado.
O aumento foi o quarto seguido aplicado pelo Copom. O resultado coloca o Brasil com a quarta maior taxa de juros nominal do mundo, de acordo com levantamento feito pela MoneyYou. Em nota, o Copom afirmou que segue acompanhando com atenção como os desenvolvimentos da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros.
"O objetivo é assegurar a estabilidade de preços, suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e fomentar o pleno emprego. Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de mesma magnitude na próxima reunião", afirmou o Comitê.
Na ata da última reunião, em dezembro, o comitê já havia informado que elevaria a Selic em função do agravamento das incertezas externas. Outro argumento era de que ruídos provocados pelo pacote fiscal do governo no fim do ano ado justificam o aumento dos juros básicos no início deste ano. Crítica em relação ao cumprimento da meta inflacionária também foi citada pelo Copom.
Após chegar a 10,5% ao ano de junho a agosto do ano ado, a taxa começou a ser elevada em setembro, com uma alta de 0,25 ponto, uma de 0,5 ponto e uma de 1 ponto percentual. Em carta enviada ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em janeiro, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, afirmou que a depreciação cambial e a desancoragem de expectativas do mercado explicam o estouro da meta da inflação em 2024.
“A inflação em 2024 ficou acima do intervalo de tolerância em decorrência do ritmo forte de crescimento da atividade econômica, da depreciação cambial e de fatores climáticos, em contexto de expectativas de inflação desancoradas e inércia da inflação do ano anterior”, diz a carta.
Críticas
O presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), Cledorvino Belini, criticou a decisão do Copom e citou a previsão do mercado de que o Brasil encerre 2025 com uma inflação de 5,5%.
“Questiono a capacidade da Selic conseguir controlar esse movimento inflacionário, principalmente no patamar tão elevado em que a taxa se encontra. Infelizmente, o cenário de 2025 é de desaceleração: investimentos, consumo e, sobretudo do PIB. Nos resta cobrar que o governo federal controle gastos e esperar que as tensões externas não se agravem ao longo do ano”, disse.
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, afirmou que reconhece a importância do controle da inflação para a estabilidade econômica. Entretanto, ele manifesta grande preocupação com os impactos negativos do aumento dos juros.
"A elevação da Selic a níveis tão altos tende a restringir os investimentos produtivos, aumentar os custos de produção e reduzir a competitividade da indústria brasileira e mineira, especialmente em um contexto em que o ‘custo Brasil’ já é excessivamente alto, com gargalos logísticos, carga tributária elevada e crédito caro”, diz.
Além disso, ele aponta que a medida pode agravar a "já esperada desaceleração econômica" e compromete as empresas que contraíram empréstimos bancários durante a pandemia para mitigar os efeitos econômicos da crise. “É essencial implementar medidas que não apenas mantenham a inflação sob controle, mas também contenham os gastos públicos, preservem o ambiente de negócios, estimulem investimentos produtivos."
Já Marcelo de Souza e Silva, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), afirma que a decisão do Copom pode impactar o comércio, já que o reajuste pesa no bolso do consumidor, reduz o o ao crédito e limita o consumo. "O ideal é que o governo encontre alternativas sem prejudicar um setor que, somente agora, apresenta sinais de recuperação pós-pandemia”", analisa.
Ele também aponta o equilíbrio fiscal como uma das alternativas para controlar a inflação. “É imprescindível que o governo equilibre as contas e gaste menos que arrecada. Esperamos que o anúncio do corte de gastos, previsto para o início de fevereiro, realmente aponte reduções significativas e mostre que o governo está focado neste problema fiscal”, fala.
Taxa Selic
A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas da economia. Ela é o principal instrumento do Banco Central para manter a inflação sob controle.
O BC atua diariamente por meio de operações de mercado aberto – comprando e vendendo títulos públicos federais – para manter a taxa de juros próxima do valor definido na reunião.
Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, pretende conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Desse modo, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia.
Mas, além da Selic, os bancos consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas istrativas. Ao reduzir a Selic, a tendência é de que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.
O Copom reúne-se a cada 45 dias. No primeiro dia do encontro, são feitas apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas das economias brasileira e mundial e o comportamento do mercado financeiro. No segundo dia, os membros do Copom, formado pela diretoria do BC, analisam as possibilidades e definem a Selic.