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Com projeções de aumento da Selic, economistas falam em recessão técnica; entenda o que significa
Expectativa é que o Copom fixe a taxa de juros em 13,25% nesta semana e siga aumentando nas próximas reuniões para frear inflação

Nesta quarta-feira (29), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reunirá para definir a nova taxa de juros. A expectativa é que a Selic, que hoje está em 12,25%, seja fixada em 13,25% - um aumento de um ponto percentual. Economistas projetam ainda novos aumentos: de mais um ponto percentual na reunião seguinte, chegando a 14,25%, além de novos ajustes até o meio do ano, chegando ao patamar de 15%.
O resultado desses aumentos, segundo economistas, pode ser uma recessão técnica, que acontece quando há, efetivamente, dois trimestres de decréscimo no Produto Interno Bruto (PIB). O que já é esperado como consequência da alta taxa de juros. Diferente de uma recessão propriamente dita, que é algo já consolidado e complicado de reverter.
Mas, na prática, o que isso significa?
A medida de aumentar a Selic, segundo analistas, faz parte dos esforços para frear a inflação, que tem projeção de chegar a 5,5% até o fim do ano - bem acima da meta, que é de 3%. Pela lógica, esse aumento da Selic provocaria uma retração da atividade econômica, o que pressionaria a inflação, fazendo-a diminuir. Com inflação controlada, a tendência é que a taxa de juros pare de subir e se mantenha estável, podendo sofrer cortes a partir das análises do mercado.
“Quando o Banco Central inicia essa trajetória de aumento da taxa de juros, é ele que provoca a recessão técnica. Porque ele vai contrair o crédito, contrair a liquidez da economia, dificultar a vida das pessoas comprarem parcelado e frear a economia. A subida da taxa Selic se chama política monetária de contração”, explica Carla Beni, economista da FGV. “Essa recessão técnica só pode ser comprovada depois de seis meses, porque nós precisamos, a cada mês, ver uma queda da atividade econômica”, diz. Ou seja, se, depois de três meses de queda, por exemplo, o PIB voltar a subir, o mercado para de falar em recessão.
O economista do BMG, Flávio Serrano, explica que essa é uma medida importante para conter a inflação. “O BC não está querendo gerar uma recessão, ele está querendo desacelerar a economia, porque a gente está constatando um problema que é pior do que a desaceleração econômica: a inflação alta”, diz. “A inflação alta é um imposto perverso, porque ela afeta a população mais pobre. Ele (Banco Central) está tentando evitar que a sociedade sofra com o aumento de preços generalizado”, justifica.
Flávio acredita que essa recessão técnica aconteça no segundo semestre de 2025. “O primeiro semestre de 2025 ainda vai ser um semestre bom de crescimento, porque a agricultura vai vir muito forte. A gente tem esperado uma safra de soja muito forte, uma safra de grãos também muito forte, muito positiva. No segundo semestre a coisa muda”, projeta.
E quais são as consequências?
De acordo com o economista da consultoria financeira Cimo Family Office, Juan Schiavo de Magalhães, o primeiro indicador dessa recessão técnica é a taxa de desemprego. “É a principal variável sensível a um quadro de recessão. Primeiro, a gente começa a ver redução da criação de novas vagas de emprego e, em segundo momento, a redução das vagas de emprego propriamente ditas. A gente começa a ver a perda de renda também, que é uma outra consequência”, comenta. Mais uma consequência derivada desse processo, somando desemprego e queda de renda, pode ser também um aumento na inadimplência.
O especialista cita ainda outras possíveis consequências, como queda na arrecadação. “Quando você tem um quadro de retração ou de menos crescimento econômico, você tem empresas vendendo menos ou crescendo menos as suas vendas. Por consequência, o que você gera de tributo, de imposto via ICMS, com circulação de mercadorias, também cai”, comenta.
O especialista justifica a decisão do Banco Central, com ressalvas. “Como a inflação está fora da meta, o Banco Central deve, de fato, ter uma política monetária mais restritiva. É claro que o elemento juros sozinho não é suficiente para trazer toda a economia do país para um ponto de equilíbrio”, argumenta. “Em termos de inflação, outras coisas precisam ser combinadas. Quando falta em outras pontas, há um excesso ou a possibilidade de excesso, olhando só para juros”, pondera.
Juan pondera que, para além de olhar os juros nominais, é preciso olhar para o patamar de juros acima da inflação. Ou seja, calcular a diferença entre inflação e taxa de juros, para se ter o juro real. E o juro real no Brasil está muito alto, se comparado a outros países. “Esse é um número que está nos ando alguma mensagem em relação à nossa economia de que existe algo que não está equilibrado”, afirma.
Já na visão de Carla Beni, a decisão de subir cada vez mais a Selic não é acertada. “Foi um erro subir um ponto percentual e também outro erro de continuar subindo mais um ponto percentual nas duas próximas reuniões. Porque isso, sim, provoca um déficit fiscal, porque para cada um ponto percentual que a Selic sobe, o Tesouro tem que desembolsar mais R$ 50 bilhões de juros para quem comprou o título indexado na Selic. Então, é um custo muito pesado para o Tesouro, para a área fiscal e um custo para a economia também”, avalia.