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Descubra o Jalapão: um insólito cenário de dunas e águas em pleno Cerrado
Destino mais famoso do Tocantins tem dunas alaranjadas, fervedouros, paisagens arrebatadoras e capim que nasce dourado
Em 2008, o jornal O TEMPO fez sua primeira viagem ao Jalapão. Na época, a jornalista Helenice Laguardia revelava o exotismo do lugar, com estradas de terra, temperaturas de até 40°C, nascentes que brotam de solo arenoso, cachoeiras de águas cristalinas, praias de água doce, árvores com galhos retorcidos, fauna e flora singulares e, principalmente, dunas em tons dourados, alaranjados.
Segundo Helenice, que percorreu 700 kmdesde o aeroporto em Tocantins até o coração do Jalapão, durante quatro dias e dirigindo o carro de luxo, o Jalapão tinha poucas árvores, tempo muito seco, poeira levantada e trechos com areia. "Aliás, uma areia alaranjada que só tem em dois lugares do mundo: no Jalapão e no Marrocos", destaca. A jornalista define a experiência como inesquecível. Naquela época, lembra, já havia muitos turistas.
Ao contrário daquela época, quando Jalapão ainda era um destino emergente, desconhecido de boa parte dos viajantes e até de operadores de turismo, o atual cenário para o turista é de um destino mais estruturado, com várias agências oferecendo um mergulho na natureza em uma joia do ecoturismo e do turismo de aventura. Se há dez anos, 8.726 turistas visitaram o destino do Tocantins, nos primeiros seis meses deste ano foram 24.123 pessoas.
Desde dezembro de 2022, a Azul Linhas Aéreas tem quatro voos semanais de Belo Horizonte para Palmas, às segundas, quartas, sextas e domingos, saindo às 23h50 e chegando às 1h50 na italde Tocantins. Já no sentido inverso, os voos acontecem às segundas, terças, quintas e sábados, saindo às 3h05 e aterrissando às 5h na capital mineira. As frequências são operadas por aeronaves Embraer E1, com capacidade 118 ageiros.
Com cerca de 34 mil km², o Jalapão pode ser ado por Mateiros, São Félix do Tocantins ou Ponte Alta do Tocantins, por onde foi nossa entrada. Uma dica: chegue um ou dois dias antes em Palmas, descanse e aproveite para conhecer as atrações da capital tocantinense, como suas agradáveis praias.
Prepare-se no dia seguinte para se deparar com paisagens arrebatadoras. Apelidado “deserto brasileiro” devido à sua aparência árida, o Jalapão só perde para a floresta amazônica em densidade populacional – 8,1 habitante por quilômetro quadrado. Pode-se percorrer quilômetros e quilômetros em um único dia sem encontrar uma só pessoa. É também um destino único em biodiversidade e para aquelas pessoas que querem experimentar aventura em cenários de literalmente tirar o fôlego.
1º dia
De Palmas até Mateiros, percorrem-se 150 km no asfalto. A parada para o almoço é em Ponte Alta do Tocantins, cidade com cera de 8.000 habitantes. Depois, prepare-se para um labirinto de estradas de terra, onde só é possível seguir em veículos com tração 4x4. Em Ponte Alta, o visitante já começa a desfrutar das belezas das Serras Gerais do Tocantins, ainda fora da área do Jalapão. A parada é a lagoa do Japonês, em Pindorama do Tocantins.
Localizada em uma propriedade particular, Japonês é um desses oásis que brotam do Cerrado. Foi batizada assim devido à ascendência oriental de um antigo dono. Suas águas cristalinas de coloração verde-esmeralda ao azul-turquesa são um convite para um banho refrescante. O local tem uma boa estrutura (restaurante, banheiros, locação de coletes) e até serviço para ir ao principal atrativo, uma gruta em uma das extremidades da lagoa.
Geralmente, as agências de turismo casam a lagoa do Japonês com uma visita à Pedra Furada. O símbolo de Jericoacoara, famoso destino cearense, também tem uma versão tocantinense. Trata-se de uma formação de arenito criada pela ação dos ventos e das chuvas, um portal em um rochedo que rende ótimas fotos, principalmente ao pôr do sol. O que a distingue das demais “Pedras Furadas” é exatamente a sua interessante coloração.
2º dia
O segundo dia começa com um café da manhã reforçado. Antes de chegar ao Jalapão, Sussuapara, a 12 km de Ponte Alta, é um bom aperitivo para o que está por vir. Imagine um cânion escondido em meio à mata, adornado por raízes que despencam de penhascos de 10 m. O o é por uma trilha curta e íngreme em um riacho, onde há até uma escadaria entre estreitas paredes. O final do percurso é em uma queda d’água espremida entre as rochas.
A parada para o almoço é na comunidade quilombola em Rio Novo. Conta nosso guia de turismo que, em meados do século XIX, negros fugidos de fazendas se instalaram às margens do rio Novo, dando origem aos primeiros quilombos da região. Entre as experiências que os turistas experimentam estão degustar a culinária local e conhecer como se produz a farofa do boi curraleiro, raça introduzida no Brasil pelos portugueses. Em rodas de conversa, moradores narram a agem do narcotraficante Pablo Escobar pela região.
A 800 m da comunidade, o visitante pode mergulhar naquele que é considerado um dos maiores rios de água potável do mundo, o Novo. Apesar das dezenas de pequenas praias em seu curso, uma específica atrai a atenção dos turistas: a prainha do rio Novo, a poucos metros da cachoeira da Velha e da rodovia TO–255. O local tem longa faixa de areia branca, uma parte rasa com águas tranquilas e muita sombra para um relax antes de pegar a estrada.
Abro um parêntese. Todo o cenário do Jalapão é atravessado por uma abundância de nascentes, dando origem a vários rios, piscinas naturais e quedas-d’água. Após desfrutar do rio Novo, seguimos para a serra do Espírito Santo para encerrar o dia no principal atrativo do Jalapão, as dunas douradas, talvez a atração mais imperdível. As agências agendam a visita ao final da tarde, quando o sol reflete seus raios na areia alaranjada.
Dunas geralmente encontradas no litoral de Estados como Maranhão, Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte, mais próximas do litoral, surgem em meio à serra em grande volume, imensas, com quase 40 m de altura, se mesclando com o verde do buriti do Cerrado. Conta o guia que as dunas surgiram da erosão das rochas e serras da região durante longos anos. O bacana é subir até o topo para se energizar e contemplar todo o cenário paradisíaco. O eio dura de uma a duas horas.
3º dia
No terceiro dia, vamos conhecer o que todos esperam, os fervedouros, fenômeno natural que fez a fama do Jalapão. A pressão exercida pela água que jorra do lençol freático para a nascente é tão grande que é capaz de manter as pessoas em constante flutuação, sem nenhum esforço. A indescritível cor esverdeada do poço pode ser pelas rochas de origem calcária. No Jalapão, há ao menos 20 fervedouros de vários tamanhos, formatos, cores de água e intensidade de flutuação, mas apenas oito estão abertos à visitação até as 17h30.
Nossa parada é o fervedouro do Ceiça, o primeiro a ser divulgado para o público e um dos mais famosos do Jalapão. O poço tem uma nascente principal, e a pressão da água é bem alta, fazendo com que os visitantes flutuem com facilidade. O fervedouro é bem redondo e cercado por bananeiras, que intensificam ainda mais os tons. Outros dois fervedouros pelo caminho são o Recanto do Salto e o do Buriti, este último em formato de coração e cercado por buritis e por uma piscina tão transparente, a ponto de você visualizar o fundo a 70 m.
Nossa viagem continua em direção à comunidade quilombola de Mumbuca, a 35 km de Mateiros, que tem como fonte de renda a produção de artesanato com capim-dourado. ado de geração em geração e descoberto pelos índios no século XX, o capim-dourado, similar à sempre-viva, brilha como ouro. A colheita, controlada, é no início da primavera. Com ele, são produzidos pulseiras, brincos, mandalas, chapéus, bolsas e outros artefatos.
Com apenas 200 g de capim-dourado, um artesão faz até dez brincos por dia. Toda a colheita de um artesão alcança 70 kg de capim, suficientes para o ano inteiro de arte. Os preços variam de R$ 5 (para um brinco) a R$ 500 (para as mandalas de 1,5 m de diâmetro). A arte é bem antiga e remonta às aldeias dos índios Acroá.
Nosso terceiro dia se encerra na cachoeira do Formiga, ponto obrigatório para quem viaja à região. Localizada em uma área particular, a queda-d’água de apenas um metro forma uma deliciosa piscina natural não muito profunda. Além da ótima temperatura, a água da cachoeira é tão transparente que permite ao visitante ver o fundo de areia calcária.
4º dia
No nosso último dia, vamos conhecer o fervedouro mais bonito do Jalapão, o Bela Vista. A piscina desse fervedouro é a maior entre todos os fervedouros abertos para visitação, com 15 m de diâmetro de água transparente e incrivelmente azul. É impossível o cenário que o cerca. Há até um deck para observação do fervedouro e até filas em alta estação.
Do fervedouro nos deslocamos para a praia do Alecrim, próximo ao fervedouro homônimo, em São Félix do Tocantins. Depois de um banho refrescante, é hora de seguir em direção à cidade de Novo Acordo para visitar a serra da Catedral, chamada pelos nativos de “morro de Mandacaru”. Ainda pouco explorada, ali a atração natural a 180 m é uma curiosa formação rochosa, de milhares de anos, que se assemelha a uma fachada de igreja.
Serviço
Como chegar
A Azul tem quatro voos semanais de Belo Horizonte (MG) para Palmas (TO), sempre às segundas, quartas, sextas e domingos, saindo às 23h50 e chegando às 1h50 em Palmas. Já no sentido inverso, os voos acontecem às segundas, terças, quintas e sábados, saindo às 3h05 e chegando às 5h na capital mineira. às segundas,quartas, sábados e domingo. e Voe Azul.
Quem leva
Pacotes: operadora Schultz
Agência de receptivo no Jalapão: 100 Limites Expedições
Informações: procure seu agente de viagens e peça pacotes da Schultz Operadora
Jalapão Express (6 dias/5 noites)
Saídas diárias, incluindo 5 noites de hospedagem com café da manhã, traslados regulares, expedição realizada em veículos 4x4 com capacidade para até 6 viajantes, regime de pensão completa, incluindo café da manhã, almoço ou picnic, jantar, motorista-guia autorizado e entradas nos atrativos incluídos no roteiro, serviço de bordo durante o percurso. Preço: a partir de R$ 2.615 por pessoa em apartamento duplo ou triplo para embarque em 2023.
Jalapão para Todos (7 dias/6 noites)
Saídas diárias incluindo: 6 noites de hospedagem com café da manhã, traslado, expedição realizada em veículos 4x4 com capacidade para até 6 viajantes, regime de pensão completa, incluindo café da manhã, almoço ou picnic, jantar (sem bebidas), motorista-guia autorizado, entradas nos atrativos incluídos no roteiro e serviço de bordo durante o percurso. Preço: a partir de R$ 3.293 por pessoa em apartamento duplo ou triplo para embarque em 2023.