STJD

Técnico do América sobre pena de Miguelito: 'Tinha mais provas para inocentar do que culpar'

Episódio envolvendo Miguelito ocorreu no dia 4 de maio, durante a partida entre Operário e América, pela sexta rodada da Série B

Por Bárbara Ribeiro
Atualizado em 20 de maio de 2025 | 10:40

O técnico do América, William Batista, voltou a comentar sobre o caso do meia boliviano Miguel Terceros, o Miguelito, acusado de injúria racial contra o atacante Allano, do Operário-PR. Em entrevista coletiva após a derrota do Coelho para o Coritiba, na segunda-feira (19 de maio), pela Série B, o treinador alviverde comentou sobre a falta de provas no processo.

“Acho que havia mais provas para inocentar o Miguelito do que para culpá-lo", mencionou o técnico do América.

William foi uma das testemunhadas no julgamento de Miguelito, realizada no mesmo dia da partida contra o Curitiba pela Segundona do Brasileirão, pela Primeira Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Na ocasião, Miguelito foi suspenso por cinco jogos e multado em R$ 2 mil.

“Acompanhando o julgamento, me entristece muito perceber que o júri do STJD não estava convicto da punição. Tanto que aplicou a pena mínima. Se houvesse convicção de que houve injúria racial, não seriam só cinco jogos e uma multa de R$ 2 mil”, completou Batista.

Relembre o caso

O episódio envolvendo Miguelito ocorreu no dia 4 de maio, durante a partida entre Operário e América, pela sexta rodada da Série B, no estádio Germano Krüger, em Ponta Grossa (PR). Segundo a súmula, o jogador do América teria chamado Allano de “preto cagão”, após relato feito pelo próprio atacante e pelo volante Jacy, ambos do time paranaense.

A partida foi paralisada por cerca de 15 minutos, com discussão entre os jogadores e espera por possível verificação de imagens, mas foi retomada sem aplicação de cartões ou outras sanções.

Após o jogo, Miguelito, Allano e Jacy foram conduzidos à 13ª Subdivisão Policial. O jogador do América foi preso em flagrante por injúria racial, com base na Lei nº 7.716/89. Mas foi liberado no dia seguinte para responder o processo em liberdade. Além do STJD, o caso também será julgado na esfera criminal, com base no artigo 2-A da Lei nº 7.716/89, que trata de crimes de discriminação racial.

“O estádio estava cheio naquele dia. O barulho era imenso. O que o Miguelito disse que falou, eu acredito que foi para o Allano. Mas só ele poderia ter escutado, porque os jogadores e o árbitro próximos não ouviram nada. Inclusive, tem filmagem de outro atleta (Jacy) dizendo à beira do campo que não escutou nada. Ele mesmo me disse que não ouviu nada. Enfim, é um jogo de palavras.”

O treinador também lamentou a ausência de Miguelito no elenco do Coelho, que está fora dos gramados desde o início do processo.

“O Miguelito faz falta. É um jogador importante, participa de gols, está sempre com a seleção. E, mais uma vez, o América paga por algo que nem se conseguiu provar. Se tivesse sido provado, a pena não seria tão leve. Não sei qual seria a pena máxima, mas certamente não seriam cinco jogos”, pontou William Batista.

América pedirá efeito suspensivo

Após o julgamento do STJD, o América informou que entrará com pedido de efeito suspensivo, para que o jogador siga à disposição até a realização de um novo julgamento.