Investigação

Mauro Cid diz em delação à PF que Bolsonaro mandou fraudar cartões de vacina

Segundo Mauro Cid, os documentos fraudados foram impressos e entregues em mãos a Bolsonaro para que ele usasse quando “achasse conveniente.

Por O Tempo Brasília
Publicado em 24 de outubro de 2023 | 11:19

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), disse em seu acordo de delação premiada à Polícia Federal (PF) que o ex-presidente ordenou, no fim do seu mandato, no Palácio do Planalto, que fraudasse os cartões de vacina de covid-19 no sistema do Ministério da Saúde.

Mauro Cid já havia itido ter falsificado os cartões dele, da esposa, das filhos, de Bolsonaro e da filha do ex-presidente, Laura, de 13 anos. Mas, no acordo com a PF, reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), ele foi além e apontou Bolsonaro como o mandante.

A informação foi publicada nesta segunda-feira (23) pelo portal UOL. O portal diz que Bolsonaro pediu que os cartões dele e da sua filha, Laura, fossem fraudados. Segundo o tenente-coronel, os documentos fraudados foram impressos e entregues em mãos ao ex-presidente para que ele usasse quando “achasse conveniente”.

O ex-ajudante de ordens confirmou que os dados falsos de Bolsonaro e de Laura foram inseridos no sistema do Ministério da Saúde por servidores da Prefeitura de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, em 21 de dezembro de 2022, nove dias antes do ex-presidente viajar para os Estados Unidos, que exigiam dos viajantes o comprovante da imunização contra a covid-19.

Investigação aponta que Bolsonaro sabia das falsificações

Em 3 de maio, seis aliados de Bolsonaro –  entre eles Mauro Cid – foram presos pela Polícia Federal na Operação Venire, que coletou provas de um esquema de fraudes de cartões de vacinação durante o governo do ex-presidente.

A investigação aponta que Bolsonaro e os seus aliados tinham “plena ciência” das falsificações. O objetivo, segundo a PF, era obter “vantagem indevida” em situações que necessitassem comprovação de vacina contra a covid no Brasil e nos EUA.

Bolsonaro nega ter sido vacinado contra a covid-19

A PF identificou dois registros de vacinação de Bolsonaro no Centro Municipal de Saúde de Duque de Caxias. O ex-presidente teria tomado o imunizante Pfizer em 13 de agosto e em 14 de outubro do ano ado. Nas mesmas datas, seus assessores Max Guilherme Machado de Moura e Sergio Rocha Cordeiro também teriam sido imunizados. 

No entanto, a Controladoria-Geral da União (CGU) checou as agendas do ex-chefe do Executivo e atestou que seria impossível que ele tivesse comparecido na unidade de saúde.

Além de Bolsonaro e Laura, Mauro Cid também teria falsificado o próprio cartão de vacinação e também o da sua mulher, Gabriela Cid, e das suas três filhas.

Em um depoimento para a PF em 16 de maio, Bolsonaro negou que ele e a filha teriam sido vacinados contra a covid-19. O ex-presidente também afirmou que não determinou e não tinha conhecimento das fraudes, o que agora é confrontado pela delação premiada de Cid.

Em suas redes sociais, o advogado e assessor de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, rechaçou a hipótese de Bolsonaro ter ordenado a falsificação dos dados de vacinação, como Mauro Cid teria dito à PF. “Chance zero”, escreveu Wajngarten na rede social X (antigo Twitter), completando: “Mundo todo conhece a posição do Pr @jairbolsonaro sobre vacinação. Como chefe de Estado, o aporte/visto que ele possui não exige nenhuma vacina. Filha menor de idade jamais necessitou de vacinação, até porque possui comorbidades.”