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Fala de Lula sobre Israel vira munição para ato de Bolsonaro no domingo (25)
Lula comparou os ataques de Israel na Faixa de Gaza ao Holocausto, que terminou na morte de seis milhões de judeus na Alemanha nazista de Hitler

A comparação entre os ataques de Israel na Faixa de Gaza em meio à guerra no Oriente Médio e a perseguição aos judeus na Alemanha nazista por Adolf Hitler, o Holocausto, feita no domingo (18) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi tida como prato cheio pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores antes do ato convocado para domingo (25). A manifestação será na Avenida Paulista, em São Paulo.
“O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu, quando Hitler resolveu matar os judeus", disse o petista, munindo aliados de Bolsonaro. O ex-presidente convocou o ato para se defender de investigações em que é alvo, como a que mira um suposto plano para golpe de Estado para mantê-lo no poder.
Há uma orientação, emitida pelo próprio ex-presidente, para que sejam evitados ataques e ofensas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), tema comum no bolsonarismo. Nesse sentido, a condenação à fala de Lula entra como estratégia do grupo político. A abordagem foi confirmada pelo assessor e advogado de Bolsonaro, Fabio Wajngarten.
Ele ainda sugeriu ao ex-presidente e ao pastor Silas Malafaia (um dos articuladores e financiadores do ato) que convidem o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zohar Zonshine, para a manifestação. "Certamente será muito bem recebido e acolhido", disse.
Vou sugerir ao @PastorMalafaia e ao Presidente @jairbolsonaro que convidem o Embaixador de Israel para nosso ato na Paulista no próximo dia 25/2 em São Paulo.
— Fabio Wajngarten (@fabiowoficial) February 18, 2024
Certamente será muito bem recebido e acolhido.
Bolsonaro é defensor da política de Israel e costuma usar a bandeira do país com frequência. Ele também esteve com Zonshine em uma reunião na Câmara dos Deputados, em novembro de 2023, articulada pela oposição sobre a guerra, mas em tom contra os ataques do Hamas. Na época, o evento e a proximidade entre Bolsonaro e Zonshine foram vistos de forma negativa por aliados do governo Lula.
O ex-presidente também era próximo do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que classificou a fala de Lula como "vergonhosas e graves". "Comparar Israel ao Holocausto nazista e a Hitler é cruzar uma linha vermelha. Israel luta pela sua defesa e pela garantia do seu futuro até à vitória completa e fá-lo ao mesmo tempo que defende o direito internacional", acrescentou, anunciando a convocação imediata do embaixador do Brasil em Israel, Frederico Meyer, "para uma dura conversa de repreensão".
Essa conversa acontece nesta segunda-feira (19). O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, decidiu levar Meyer ao Yad Vashem, o memorial oficial de Israel para lembrar os judeus que foram vítimas do Holocausto. Normalmente, o encontro aconteceria na sede da pasta no país. Katz declarou que Lula é "persona non grata" e não será bem-vindo ao país até que se retrate de declarações. "Não esqueceremos nem perdoaremos", destacou. Essas reações das autoridades israelenses devem pautar os discursos do ato de Bolsonaro.
Preparação para domingo
Em uma espécie de preparação para o próximo domingo, aliados do ex-presidente já estão endurecendo as críticas à fala de Lula. "A asneira monstruosa de Lula sobre Israel! Comparar holocausto, nazismo com o que está acontecendo com Israel x Hamas, só pode ser doente mental, alienado ou mau-caráter, ou os três juntos. Tem que ser muito cretino para falar essas asneiras", escreveu Malafaia.
O senador Magno Malta (PL-ES) resgatou um vídeo do ex-presidente em frente ao memorial erguido em homenagem aos judeus mortos durante a Segunda Guerra Mundial. "Uma gigante diferença para o atual ventríloquo de ditaduras que está afundando o nosso país", afirmou, em referência a Lula.
O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) disse que Lula "expôs para todo o mundo o ódio em seu coração contra o Estado de Israel". "Neste momento seus marqueteiros devem estar o aconselhando loucamente para tentar reduzir os danos. Mas não se engane, o Lula de verdade foi aquele que, numa resposta espontânea a uma pergunta, comparou judeus a H!TI€r para defender terroristas do hamas", escreveu em sua conta no X.
A declaração de Lula motivou um pedido de impeachment apresentado por deputados federais. Até a manhã desta segunda-feira, 86 parlamentares da oposição am o pedido. Eles acusam o petista de crime de responsabilidade ao "cometer ato de hostilidade contra nação estrangeira, expondo a República ao perigo da guerra, ou comprometendo-lhe a neutralidade".