BRASÍLIA - A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, registrou nesta quinta-feira (20) uma queixa-crime no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) por injúria e difamação.
A ação judicial é uma resposta à provocação machista do parlamentar em seu perfil nas redes sociais envolvendo tanto Gleisi quanto o namorado dela, o também deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ).
Na publicação, Gayer questionou Lindbergh se ele aceitava que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) "oferecesse a ministra" para os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB).
A provocação foi feita após uma fala de Lula sobre a escolha de uma "mulher bonita" para o cargo de ministra da articulação política.
“É impressão minha ou LULA ofereceu a Gleisi Hoffmann como um cafetão oferece sua funcionária em uma negociação entre gangues”, escreveu Gayer em 12 de março. Em outra postagem, o parlamentar ironiza a aparência da ministra.
'Ataque à dignidade feminina'
A defesa de Gleisi afirma que a atitude de Gayer não só violou princípios éticos e de respeito, como também atacou a dignidade de uma mulher ocupando um cargo público de grande relevância. Os advogados destacam ainda que a provocação contribui para um ambiente de violência política, agravado pela misoginia e pela grande exposição de Gayer nas redes sociais.
"A conduta do deputado é ainda mais séria por ser praticada por uma figura pública com grande engajamento nas redes sociais, o que pode ar a mensagem de que é aceitável submeter mulheres em posições de poder a comentários desrespeitosos e violentos", afirmam os advogados de Gleisi.
Paralelamente à ação judicial, a ministra se manifestou publicamente em defesa de Lula. Em suas redes sociais, ela ressaltou que o presidente é um dos líderes que mais "empoderou mulheres", destacando diversas nomeações para posições importantes em seu governo, como na presidência da República e em tribunais superiores.
PT aciona Conselho de Ética da Câmara
Na Câmara dos Deputados, o PT protocolou também uma denúncia no Conselho de Ética contra Gustavo Gayer. O partido argumenta que a publicação do deputado fere o decoro parlamentar e a classifica como "absolutamente descontrolada e insana", além de ser ofensiva e agressiva.