DÉCADAS DEPOIS

Governo Lula quer retomar investigação sobre o acidente que matou JK

Uma reavaliação sobre o acidente no km 165 da via Dutra deve ser aprovada pela Comissão sobre Mortos e Desaparecidos Políticos nesta sexta-feira (14)

Por O TEMPO Brasília
Atualizado em 13 de fevereiro de 2025 | 09:59

BRASÍLIA - A investigação sobre a morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek pode ser reaberta a partir desta sexta-feira (14). A reanálise do caso deve ser aprovada em reunião extraordinária da Comissão sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), que acontecerá em Recife (PE). A informação foi publicada pelo jornal Folha de S. Paulo. 

O objetivo é esclarecer controvérsias sobre a morte de JK a partir de um último laudo, embasado pelo Ministério Público Federal (MPF), que rejeita uma possibilidade levantada para o acidente. 

Isso, porque a investigação conduzida pelo regime da ditadura apontou que a morte foi por acidente depois que um ônibus atingiu o carro em que o ex-presidente viajava em direção ao Rio de Janeiro, em 22 de agosto de 1976. 

Esse teria sido o motivo que fez o motorista, Geraldo Ribeiro, perder o controle, atravessar o canteiro, invadir a pista contrária e colidir com uma carreta. O acidente foi na altura do km 165 da via Dutra. Os dois morreram.

Essa versão foi referendada por uma comissão externa da Câmara dos Deputados em 2001 e pela Comissão Nacional da Verdade em 2014. 

Uma ala, porém, aponta que JK teria sido vítima de atentado político. Nessa hipótese, não teria havido a batida entre o carro e ônibus e o motorista teria perdido o controle por algum agente externo, como sabotagem ou tiro. 

Essa tese foi concluída pelas Comissões Estaduais da Verdade de São Paulo e de Minas Gerais e pela Comissão Municipal da Verdade de São Paulo. Um inquérito civil do MPF finalizado em 2019 também descartou a colisão com o ônibus, mas ressaltou ser "impossível” confirmar ou descartar a chance de atentado. 

A motivação para a possível reabertura do caso foi um laudo feito pelo engenheiro e perito Sergio Ejzenberg. Com o aval do Ministério Público Federal (MPF), ele estudou documentos assinados entre 1976 e 1996 pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) do Rio de Janeiro que apontaram a batida entre o ônibus e o carro. 

A reavaliação de Ejzenberg, tornada pública em 2021, não sustenta a tese de que o choque entre o ônibus e o carro fez com que o motorista perdesse o controle e embasou a inclusão do caso na pauta da CEMDP. 

A Comissão sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) é um órgão de Estado com apoio técnico-istrativo do Ministério dos Direitos Humanos. A CEMDP foi recriada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em julho de 2024, depois de ter sido extinta pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).