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Gilberto Gil, Wagner Moura e intelectuais pedem para que Lula corte relações com Israel
Artistas divulgaram uma carta ao presidente da República

BRASÍLIA. Um grupo composto por artistas, escritores, advogados e intelectuais, incluindo judeus, enviou uma carta ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), solicitando que o Brasil rompa relações com Israel.
A carta começa elogiando o presidente por seu "comportamento sempre firme e coerente em solidariedade ao povo palestino, denunciando reiteradamente o genocídio" na Faixa de Gaza.
Os signatários mencionam que, apesar das propostas de cessar-fogo apresentadas pelo Brasil e da defesa da solução de dois Estados pelo governo brasileiro, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, continua realizando "ataques desumanos e cruéis contra civis", o que, segundo eles, exige ações além de meros gestos e propostas diplomáticas.
"É hora de nosso país se juntar às demais nações que romperam relações diplomáticas e comerciais com o Estado de Israel, exigindo o cumprimento das decisões que colocam fim ao genocídio e garantem a autodeterminação do povo palestino", propõe o grupo.
Leia, abaixo, a íntegra do documento:
"Estimado presidente Lula,
Antes de mais nada, queremos saudá-lo por seu comportamento sempre firme e coerente em solidariedade ao povo palestino, denunciando reiteradamente o genocídio do qual é vítima, especialmente suas mulheres e crianças.
O Brasil tem apresentado seguidas propostas para o cessar-fogo na Faixa de Gaza e a solução de dois Estados estabelecida por resoluções internacionais. Graças ao seu governo, somos uma das nações que reconhecem, no âmbito das Nações Unidas, a soberania e a independência da Palestina.
No entanto, a crescente violência imposta pelo governo Netanyahu, com ataques desumanos e cruéis contra civis, obriga o mundo a ir além de gestos e propostas diplomáticas, como já debatem diversos países da União Europeia e outras regiões.
O governo Netanyahu viola abertamente deliberações emanadas da Corte Internacional de Justiça, colocando-se à margem do direito, além de desrespeitar o Conselho de Segurança e a Assembleia Geral da ONU.
Recentes ataques contra um acampamento de deslocados em Rafah, no sul de Gaza, com dezenas de inocentes assassinados, demonstram claramente inaceitável desprezo à ética humanitária.
Estamos convencidos, querido presidente, que é hora de nosso país se juntar às demais nações que romperam relações diplomáticas e comerciais com o Estado de Israel, exigindo o cumprimento das decisões que colocam fim ao genocídio e garantem a autodeterminação do povo palestino.
Essas medidas, adotadas por nosso país e sob uma liderança de sua envergadura, certamente serviriam de exemplo a outros governos e constituiriam uma imensa contribuição para que se encerre essa carnificina inável.
Amanda Harumy
Anita Leocadia Prestes
Antônio Carlos de Almeida Castro
Arlene Clemesha
Berenice Bento
Breno Altman
Bruno Huberman
Carol Proner
Cézar Brito
Chico Buarque
Eleonora Menicucci de Oliveira
Emicida
Eugênio Aragão
Francirosy Campos Barbosa
Gilberto Gil
Heloísa Vilela
Jamal Suleiman
Jessé Souza
João Pedro Stédile
Jones Manoel
José de Abreu
José Dirceu
José Genoíno
Juliana Neuenschwander
Juarez Tavares
Kenarik Boujikian
Larissa Ramina
Luiz Carlos Bresser-Pereira
Luiz Carlos da Rocha
Manoel Caetano Ferreira Filho
Manuella Mirella
Margarida Lacombe
Marly Vianna
Milton Hatoum
Nathalia Urban
Ney Strozake
Paulo Borba Casella
Paulo Nogueira Batista Jr.
Paulo Sérgio Pinheiro
Paulo Vannuchi
Pedro Serrano
Reginaldo Nasser
Salem Nasser
Ualid Rabah"
Lula remove embaixador do Brasil em Israel
O presidente Lula nomeou o embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer, para ocupar o cargo de representante do Brasil junto à Conferência do Desarmamento, em Genebra, na Suíça. A nomeação foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) na última quarta-feira (29), motivada pela recente crise entre os governos brasileiro e israelense.
Meyer havia retornado a Tel Aviv na sexta-feira (24), após quase três meses fora do país. No entanto, ele não reassumiu suas funções diplomáticas. Com a mudança oficializada pelo Palácio do Planalto, o diplomata Fábio Moreira Farias, que é o número dois da embaixada, ficará responsável pelo escritório de representação brasileira em Israel.
Em fevereiro, Lula ordenou o retorno de Frederico Meyer ao Brasil em protesto ao sermão público feito por Israel Katz, ministro das Relações Exteriores de Israel, no Museu do Holocausto em Jerusalém.
A decisão ocorreu após Meyer ser convocado pelas autoridades israelenses para explicar os comentários do presidente brasileiro, que comparou a ofensiva israelense na Faixa de Gaza ao extermínio de judeus durante o regime nazista de Adolf Hitler, entre 1933 e 1945.
Em resposta, ao lado de Frederico Meyer, Israel Katz declarou que o presidente brasileiro era "persona non grata" em Israel até se retratar e pedir desculpas.
O governo brasileiro não cedeu às demandas de desculpas e, em vez disso, chamou o embaixador Meyer de volta ao Brasil, suspendendo efetivamente as relações diplomáticas entre as duas nações. Nos dias seguintes, o chanceler israelense continuou insistindo que Lula deveria se retratar, o que não ocorreu.