POSSÍVEL DENÚNCIA

'Não tenho nenhuma preocupação com as acusações', diz Bolsonaro

A expectativa é que o ex-presidente seja denunciado nesta semana pela PGR por tentativa de golpe de Estado depois das eleições de 2022

Por Lucyenne Landim
Atualizado em 18 de fevereiro de 2025 | 15:17

BRASÍLIA - O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou, nesta terça-feira (18), ter "zero preocupação" com a possível denúncia contra ele que deve ser apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF). A denúncia deve ser apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) nesta semana.

"Eu não tenho nenhuma preocupação com as acusações. Zero, zero", disse depois de participar de um almoço com líderes da oposição no Senado que compõem sua base política.

Bolsonaro disse estar "aguardando a chegada" da denúncia e que espera, assim, ter o aos autos. "Você já viu a minuta de golpe? Não viu, eu também não vi. Você já viu a delação do Cid? Não, eu também não vi. Estou aguardando", completou.

Ele se referiu à delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, que foi seu ajudante de ordens no Palácio do Planalto. O material embasou as investigações conduzidas pela Polícia Federal (PF), que motivaram o indiciamento dele e de mais 39 pessoas entre novembro e dezembro.

De acordo com a PF, Bolsonaro teria tido envolvimento nas negociações de um suposto plano de golpe de Estado depois das eleições de 2022 para continuar no poder. Na época, ele perdeu a tentativa de reeleição para o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

PL da Anistia

Bolsonaro declarou acreditar que já tem votos suficientes para aprovar, na Câmara dos Deputados, o projeto de lei que anistia envolvidos nos atos do 8 de janeiro de 2023. A pauta foi tratada em uma reunião dele com o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, na última semana.

"Hoje o que eu sinto, conversando com parlamentares como do PSD, a maioria votaria favorável. Eu acho que na Câmara já tem quórum para aprovar a anistia", afirmou.

Inelegível até 2030, ele frisou que o texto, hoje, não prevê perdão a ele e questionou a dosimetria nas condenações de envolvidos na depredação das sedes dos Três Poderes. Os julgamentos são conduzidos pelo STF.

O ex-presidente negou ter pedido para que o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), coloque a proposta em votação. "O pedido é seguir o regimento. Se conseguir para [votar] a urgência [do projeto], é votar o requerimento e, se for aprovado, entra na pauta".

"Eu acho que não vai ter dificuldade em botar em pauta. A nossa preocupação é botar em pauta e arranjar votos para isso. O presidente [da Câmara ou do Senado], apenas não destruir", disse.

Bolsonaro também comentou sobre o projeto que reduz de oito para dois anos o prazo de inelegibilidade de políticos condenados na Lei da Ficha Limpa. Ele declarou que a legislação "está sendo usada para beneficiar a esquerda e perseguir a direita" e questionou as condenações que sofreu na Justiça Eleitoral.

"É negar a democracia não deixar eu disputar [as eleições de 2026]. E o que eu vejo? Sem os dois fatos [condenações], talvez um papel que teria caído da minha mão na rua seria motivo para inelegibilidade também", destacou.