Presidente da República

De volta a Minas, Lula afaga o MST em meio a crise no preço dos alimentos

Chefe do Poder Executivo fará o primeiro discurso público após anúncio de medidas para conter a escalada no custo da comida para a população

Por Leonardo Augusto
Atualizado em 06 de março de 2025 | 20:35

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) visita nesta sexta-feira (7 de março) um acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) em Minas Gerais pouco mais de um mês após o comando da entidade publicar uma carta aberta em que denunciava a "paralisação" da reforma agrária no país.

A visita, marcada para as 11h, é uma tentativa de reaproximação do governo em relação ao movimento, mas também será usada para que o presidente toque no assunto mais temido atualmente pelo Palácio do Planalto, que é a alta no preço dos alimentos. Lula vai ainda fazer seu primeiro discurso público após o anúncio de medidas, feito nesta quinta-feira (6 de março), para baixar o preço de alimentos como carne, açúcar e café.

Para isso usará como cenário o acampamento do MST que vista em Minas, localizado em Campo do Meio, na Região Sul do estado, a 300 quilômetros de Belo Horizonte, que produz 160 tipos de alimentos. No acampamento, chamado Quilombo Campo Grande, vivem 459 famílias distribuídas em duas fazendas. A área de produção é de 52 hectares, o equivalente a aproximadamente 52 campos de futebol oficiais.

Na carta aberta publicada pelo MST, os trabalhadores falam em "pressionar o governo para assentar 100 mil famílias sem-terra acampadas, demarcar territórios indígenas e reconhecer os territórios quilombolas, lutando por orçamento e uma agenda concreta de políticas de melhoria da qualidade de vida e autonomia nos territórios".

História

O acampamento que Lula visitará é emblemático para o MST. A área hoje utilizada pelo movimento para produção de alimentos chegou a ter famílias retiradas do local pela Polícia Militar durante o governo Romeu Zema (Novo) em 2020. A área pertence à massa falida da Usina Ariadnópolis de Açúcar e Álcool, que parou de funcionar em 1996. Pelo menos parte das famílias que estão no acampamento é formada por ex-trabalhadores da empresa.

Desde a criação do acampamento, em 1998, a istração da massa falida da empresa tentou 11 vezes uma reintegração de posse. Durante uma, ocorrida no período da pandemia de Covid-19, uma escola foi destruída. O Supremo Tribunal Federal (STF), em seguida, proibiu ações de despejos durante a pandemia. Até o momento, não houve novas tentativas de reintegração.

Volta ao estado

A visita ao acampamento do MST marca a primeira visita de Lula a Minas Gerais em 2025. O presidente não compareceu na cerimônia de início das obras da BR-381, em janeiro. Em seu lugar, Lula mandou os ministros dos Transportes, Renan Filho, e das Minas e Energia, Alexandre Silveira. No ano ado, o presidente esteve no estado em junho para anúncio de obras em Belo Horizonte, Contagem e Juiz de Fora.

Antes, em abril daquele ano, o presidente participou da inauguração de uma fábrica de insulina em Nova Lima. Nova visita ocorreu em março, quando Lula esteve no Triângulo Mineiro para outra inauguração, desta vez de uma fábrica de fertilizantes. A primeira visita do ano de 2024 -que foi também a primeira do presidente ao estado desde que tomou posse, em janeiro de 2023- foi em fevereiro, para lançamento de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).