Já não é mais preciso transitar pelo centro de Belo Horizonte para perceber o quanto a cidade continua suja, feia e a cada dia mais violenta. Nos bairros, as mazelas chegaram e se estabeleceram de vez, apesar dos protestos diários dos moradores. A capital mineira está sem brilho, triste e envergonhada da sujeira espalhada por todo lado – aqui, ali e acolá –, numa declarada guerra de pouca ou nenhuma civilidade, de pouca ou nenhuma gestão municipal.

Repercute na sociedade a sensação de abandono total nos quesitos de trânsito, limpeza, iluminação, segurança e saúde pública. O orgulho da outrora Cidade Jardim está ferido e só vai se curar quando as vias públicas estiverem livres das montanhas de lixo; as enchentes não forem mais ameaças; a violência urbana restar rigidamente controlada; as pessoas em situação de rua forem tratadas de forma adequada, com acompanhamento médico e encaminhamento ao emprego e trabalho; e quando a inclusão social se fizer tão importante quanto a exigência de uma cidade melhor para todos.

Quanto às pessoas em situação de rua ou “moradores de rua”, vale observar que nem todos são viciados, violentos ou de má índole. No entanto, membros da sociedade reclamam de muitos que ofendem e ameaçam quem não lhes atende em algum pedido. Ora, isso não é correto nem issível, uma vez que não se podem permitir agressões verbais ou físicas aos munícipes, independentemente da situação de penúria dos moradores de rua.

O respeito é uma via de mão dupla, e o cumprimento da lei e da ordem é paradigmático e não cogita permissividade ou condescendência. Tratar os moradores de rua com civilidade e humanidade é uma obrigação da sociedade e da municipalidade, mas daí a fazer vista grossa aos atos de violência e vandalismos que porventura cometam vai uma distância muito grande e seria errar duplamente.

E, por falar em atitudes violentas, os furtos por arrombamentos têm aumentado absurdamente em BH. Lojas do comércio têm sido alvos preferenciais dos bandidos. Os crimes são cometidos na calada da noite, a partir de arrombamentos de portas de aço e furtos de mercadorias e tudo mais. A violência campeia solta também contra residências, veículos e pedestres. 

Não me venham com a desculpa esfarrapada de que a sociedade precisa se proteger melhor, posto que os criminosos estão cada vez mais ousados, não se intimidando nem um pouco com câmeras, alarmes ou quaisquer outros meios de proteção patrimonial. Não há paz para a população, e a impunidade privilegia a bandidagem.

Cabe aos governos federal, estadual e municipal cuidar das pessoas e das cidades. Cumpre às polícias Militar e Civil e também à Guarda Municipal o papel de manter a ordem pública e agir na defesa dos direitos dos cidadãos, seja com policiamento comunitário preventivo ou com atuação conjunta em prol da segurança, do bem-estar e da vida.

Dessa forma, diante do cenário atual, não há como não assentir que BH continua suja, feia e a cada dia mais violenta.