A chegada de Felipão ao Galo e o prejuízo da dança das cadeiras dos treinadores
Felipão já é o segundo treinador do Galo no primeiro semestre, uma rotina que nem sempre faz bem (não só para o Atlético, mas para todos os clubes brasileiros)
O Atlético anunciou Luiz Felipe Scolari como seu novo treinador, o segundo ainda no primeiro semestre de 2023. Não chega a ser uma novidade a troca constante de técnicos - não só no Galo, já que faz parte da rotina dos clubes brasileiros. Mas os efeitos de tantas trocas nem sempre são os mais positivos e reforçam a falta de uma linha a ser seguida. Qual o melhor técnico para dirigir determinado elenco? E qual elenco é o ideal para se adaptar ao estilo de jogo de um novo treinador? E qual estilo de jogo vai ser adotado por um clube?
O modelo europeu, ainda um sonho distante por aqui, mostra que a continuidade e a formação de um elenco e a definição de um perfil de jogo ajudam - e muito - na conquista de títulos. Nem mesmo Pep Guardiola levantou títulos em sua primeira temporada no Manchester City. Para ficar na Inglaterra, nem Jurgen Klopp, na década ada, ou Alex Ferguson, nos anos 1980/90, também foram campeões logo de cara.
Para citar o exemplo do Galo, a base do time campeão da Libertadores de 2013 foi forjada em 2012, quando o clube tinha um técnico que já estava no comando desde 2011. Os efeitos seguiram até 2014, mesmo depois da saída de Cuca. Em 2020, Jorge Sampaoli montou a base da equipe que, com ajustes pontuais, chegou ao título brasileiro de 2021 com o mesmo Cuca. Nos dois casos, havia uma linha de pensamento e de estilo de jogo, o que ajudou, na construção do elenco, a formatar a maneira de jogar da equipe. Tinha uma lógica, muito necessária.
Analisando mais uma vez o caso do Atlético, o clube trouxe Rafael Dudamel em 2020 e mudou os rumos com Sampaoli. O clube cogitou nomes como o de Renato Gaúcho antes de chegar a Cuca. Com a saída do técnico campeão brasileiro, sonhou com Jorge Jesus, o também português Carlos Carvalhal e abriu 2022 com Turco Mohamed. Voltou a Cuca, trouxe Coudet, flertou com Bruno Lage, Tiago Nunes foi especulado e fechou com Felipão.
São estilos diferentes demais em pouco tempo. Vale ressaltar que as trocas nem sempre são feitas por culpa do clube. Sampaoli e Cuca pediram para sair, por exemplo. O fato é que o grupo de jogadores regularmente precisa se adaptar ao modelo de jogo de um treinador, já que, com tantas trocas, é difícil ter um modelo adotado pelo clube.
Felipão pode dar certo? Talvez seja uma voz de comando que pode abaixar a poeira na Cidade do Galo, que se viu cercada por muitas conversas e debates com Eduardo Coudet, que não conseguiu dar uma cara definitiva ao time nem implantar definitivamente seu estilo de jogo.
Scolari, apoiado por seus auxiliares, fez um trabalho interessante no Athletico Paranaense. Sem ser brilhante, mas muito efetivo e pragmático, levou o time à final da Copa Libertadores do ano ado. Ainda não dá para saber o que ele vai fazer no Galo. O que se sabe é que o técnico tem a aprovação do grupo alvinegro, o que é um o importante. Vai ser um perfil e um modelo a ser seguido? Só o tempo vai dizer.