Em BH, lutamos por um projeto de esperança
O aumento das cadeiras de esquerda e a derrota de Engler
Terminamos o período eleitoral, e é tempo de pensar no ado, no presente e no futuro. Em 2024, vivemos uma das eleições mais desafiadoras e incertas após a ascensão do bolsonarismo e da extrema direita. Se por um lado, com a eleição do presidente Lula, respiramos ares democráticos, de retomada de direitos, políticas públicas e esperança, por outro, o desafio ainda era evidente: barrar o avanço da extrema direita também nas nossas cidades. E foi isso que conseguimos fazer em Belo Horizonte: impedir que projetos que representam retrocessos e destruição saíssem vitoriosos.
O momento nos pediu unidade, por isso conseguimos, ainda em primeiro turno, uma aliança de duas federações e seis partidos (PSOL, Rede, PT, PV, PCdoB e PCB) em torno de uma única candidatura, a de Rogério Correia. A chapa não foi vitoriosa, mas qualificou o debate sobre BH e contribuiu para a nossa vitória coletiva na Câmara Municipal. E foi exatamente na esperança da reconstrução do progressismo em nossa cidade, a partir de uma conversa com o presidente Lula, que optei por uma aliança e fui candidata a vice-prefeita.
Em toda eleição, temos vitórias e derrotas, e o crescimento da nossa bancada representa uma das nossas principais conquistas em 2024, aumentando de cinco para nove cadeiras com a reeleição de Iza Lourença (PSOL), Cida Falabella (PSOL), Bruno Pedralva (PT), Pedro Patrus (PT), Wagner Ferreira (PV) e a chegada de Juhlia Santos (PSOL), Luiza Dulci (PT), Pedro Rousseff (PT) e Edmar Branco (PCdoB). É preciso destacar, também, que fomos nós – que construímos o campo progressista em Belo Horizonte – que trilhamos um caminho possível para a reeleição do atual prefeito, Fuad Noman (PSD), no segundo turno.
A segunda grande vitória, neste caso, não foi de uma pessoa, mas de enfrentar o medo e a resignação para derrotar o então candidato Bruno Engler (PL). E, sem dúvida alguma, a reeleição do atual prefeito nos dá uma alternativa de diálogo e que apresentou compromissos com Belo Horizonte.
Voltando ao caso das derrotas, uma das maiores foi a de Romeu Zema (Novo). Ele perdeu duplamente: no primeiro turno, com Mauro Tramonte (Republicanos), e no segundo turno, com Bruno Engler. E ao seu lado, o ex-prefeito Alexandre Kalil (sem partido), que acabou com a credibilidade que tinha com a parcela progressista do seu eleitorado, se afastou das pessoas que mais defenderam a sua gestão e se aliou a um projeto com alguns de seus antagonistas históricos – que, juntos, fracassaram. Uma pena.
A resignação fez parte de um sentimento geral dessas eleições, e não só em Belo Horizonte, mas em várias cidades Brasil afora. Não à toa estamos diante de um dos maiores números de abstenções da história da capital mineira. Aqui, em ambos os turnos, mais de 30% da população não votou ou anulou seu voto. O medo da extrema direita foi um elemento potente, mas, diante da apatia das pessoas, parece que o principal afeto dessas eleições foi a resignação.
Agora, assim como a resignação deu o tom do pleito em Belo Horizonte, a esperança não se ausentou por completo em Minas Gerais, e vimos trajetórias e vitórias que marcam o que queremos construir para o nosso campo. A reeleição de Marília Campos (PT) e Margarida Salomão (PT) e a candidatura de Dandara (PT) em Uberlândia são exemplos de uma política do diálogo, que criou pontes de consensos, até então quase impossíveis, a partir do trabalho, de um olhar para as regiões periféricas e de políticas fundamentais para as pessoas.
O caminho para resgatar uma BH progressista? Ainda precisamos de tempo para saber, mas já adianto que a pelo resgate da unidade do campo, por um projeto de esperança para as nossas cidades, pelo olhar cuidadoso para as pessoas, pelo trabalho que muitos já fazemos nas periferias da cidade e por quem mais precisa. Isso basta? Difícil afirmar, mas tenho certeza de que será preciso seguir em luta, acompanhando, fiscalizando e até mesmo fazendo oposição à prefeitura quando necessário. A grande vitória não foi de um candidato em BH, e sim de uma união para derrotar um projeto extremista de negação da vida e dos direitos fundamentais.
Nessas eleições, busquei imprimir um debate público de esperança, um gesto pela unidade e uma dedicação afinada à ampliação da bancada progressista. Fica meu compromisso de seguir em luta por Belo Horizonte, por Minas Gerais e por outros afetos positivos e esperançosos que afastem o medo e a resignação e nos permitam sonhar.
BELLA GONÇALVES
Deputada estadual de Minas (PSOL)