Marcelo de Souza e Silva é presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH)
O Brasil é um dos países do mundo onde mais se pagam impostos. Para se ter ideia, de 1º de janeiro a 21 de maio, os contribuintes pagaram mais de R$ 1,55 trilhão em impostos nacionais, estaduais e municipais. Para isso, foram necessários cerca de 149 dias de trabalho. Ou seja, durante cinco meses nossa força de trabalho está totalmente voltada para a quitação de impostos que, dificilmente, retornam em serviços públicos de qualidade.
O sistema tributário do Brasil é regressivo, por isso corrói o poder de compra da população e também gera outros entraves, como o encarecimento de abertura e manutenção de empresas, a burocracia para empreender e até o financiamento insuficiente do Estado.
Ao longo dos anos, ficou cada vez mais claro o quanto o número excessivo de impostos estimula a economia informal, prejudica a arrecadação estatal e aumenta a desigualdade de mercado. O setor de comércio e serviços, em especial, é um dos mais penalizados por esse sistema tributário. Somos impactados com, pelo menos, sete tributos e diversas outras taxas que oneram a manutenção de um negócio.
Diante desses números e dificuldades em lidar com a tributação do Brasil, nasceu, há 19 anos, o Dia Livre de Impostos, um protesto em prol de uma justiça tributária que permita desenvolvimento econômico, social e serviços públicos de qualidade. O Dia Livre de Impostos foi criado pela CDL Jovem BH e pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte.
Sua repercussão positiva ganhou apoio da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e hoje é realizada em todos os Estados do país e no Distrito Federal. Neste ano, a sua 19ª edição será realizada no dia 29 de maio e contará com a participação de mais de 100 mil lojas de todo o país. Milhares de produtos serão comercializados sem a incidência de impostos, e isso vai mostrar ao consumidor o quanto a carga tributária impacta seu poder de compra.
O Dia Livre de Impostos também reivindica a redução da burocracia e a facilidade no cumprimento das obrigações fiscais, para evitar que as empresas desperdicem tempo valioso e possam focar o crescimento dos negócios, impulsionando inovação e geração de empregos. Também lutamos por uma contenção da carga tributária para impedir novos aumentos, barrar a criação de outros tributos e promover um sistema fiscal mais justo para empresas e cidadãos.
Entendemos que uma das alternativas seja os governos disponibilizarem ferramentas modernas, como um software oficial de arrecadação de impostos, que automatize processos, minimize erros no preenchimento das guias e reduza o risco de multas para as empresas.
Os empresários do setor de comércio e serviços, os maiores empregadores do Brasil, lutam por um sistema tributário mais justo. O Dia Livre de Impostos é uma manifestação de muitas páginas e causas, mas a principal delas é o fomento da economia e a promoção da dignidade de consumo entre as famílias brasileiras, especialmente as de menor poder aquisitivo, que são as principais penalizadas pelo atual modelo de tributação do país.