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Preço do aluguel dispara no Brasil, mas por que a locação está tão cara?
Em abril, o encarecimento foi de 1,25%, também acima da inflação para o período, de 0,43%
O preço do aluguel disparou no Brasil e acumula uma alta de quase 13%, mais que o dobro da inflação oficial do país, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 5,53%. Pelo sexto mês consecutivo, o valor da locação residencial no país avançou, de acordo com a pesquisa FipeZap.
Em abril, o encarecimento foi de 1,25%, também acima da inflação para o período, de 0,43%. O acumulado dos últimos 12 meses, segundo a FipeZap, é 130% mais alto que o contabilizado no IPCA. A pesquisa levou em consideração os resultados de 36 cidades e 22 capitais. Salvador foi a que registrou a maior expansão no período, de 30,46%. Belo Horizonte foi a sétima capital com a maior variação, segundo o estudo, em que a locação subiu 15,73%.
O advogado especializado em direito imobiliário Kênio Pereira afirmou que o encarecimento nas capitais, principalmente, tem relação com restrições implementadas nos planos diretores. Ele explicou que as alterações reduziram os coeficientes de aproveitamento de terrenos. “Reduziram o potencial, mas o valor do lote, por exemplo, não caiu. Mas daí encareceu o valor dos imóveis”, disse Pereira, também diretor em Minas da Associação Brasileira de Advogados do Mercado Imobiliário.
Em BH, por exemplo, ele citou que a revisão do plano diretor também expulsou moradores para municípios da região metropolitana, como Contagem, Betim e Nova Lima. “As pessoas estão morando mais longe do trabalho e, logicamente, os preços de imóveis na área central estão mais caros”, complementou Kênio.
Selic favorece preço alto
Outro fator que impacta o mercado de locação imobiliária é a alta da Selic, a taxa básica de juros, atualmente em 14,75%. Kênio Pereira explicou que o cenário reduz a compra de apartamentos, tendo em vista a possibilidade de melhores rendimentos com aplicações financeiras, do que com a locação imobiliária. Ele lembrou que em Minas Gerais, por exemplo, a alta de 500% nas taxas cartoriais afastam compradores do mercado.
“Importante ressaltar que as locações de moradias populares possibilitam uma rentabilidade maior, pois têm um preço venal menor e contam com maior volume de procura. Deve ainda ser considerado que os imóveis se valorizam, sendo que têm acompanhado a alta da inflação, que somada à rentabilidade do aluguel demonstra que os locadores têm tido bons resultados”, ilustrou o especialista.
Kênio frisou que o encarecimento gera mais dificuldades aos inquilinos para conseguir alugar imóveis. “Isso gera uma necessidade dos inquilinos antigos terem que renegociar com os locadores, pois os alugueis de mercado têm subido mais que o dobro da inflação. Caso o inquilino não consiga pagar o preço de mercado, que pode ser exigido por meio de ação revisional de aluguel ou mediante o pedido de desocupação após o término do contrato, ele terá que mudar para um imóvel menor, mais simples. Ou seja, essa pressão de preços força a mudança para imóveis menores”, detalhou.
Caminho sem volta?
Para o advogado, a baixa no preço dos alugueis em todo o país depende de medidas macroeconômicas. Ele citou a redução da taxa Selic e do custo dos materiais de construção e terrenos. “O cenário melhora se o governo estimular o investimento em aquisição de imóveis, mediante a redução da carga tributária sobre a renda de locação, atualmente em 27,5%, para estimular as pessoas a sacarem das aplicações financeiras para comprar imóveis”, finalizou Kênio.