REVIEW

Vale a pena comprar um Steam Deck no Brasil em 2024?

Console da Valve ainda não foi lançado no país, mas é possível comprá-lo em lojas online ou usado

Por Lucas Negrisoli
Publicado em 25 de novembro de 2024 | 16:53

O Steam Deck é uma montanha russa. Apesar de ainda não ter sido lançado no Brasil – e de nem haver planos para isso por parte da Valve, empresa também responsável pela plataforma Steam – é possível conseguir comprar uma unidade do console usada, importada ou em lojas online como o Mercado Livre, a OLX e a Amazon. Para um console novo, o preço varia entre R$ 3,5 mil e R$ 4,5 mil, enquanto, para o usado, os valores começam a partir de R$ 2,5 mil. Mas, vale a pena comprar um Steam Deck no Brasil nesta altura do campeonato?

Em relação ao valor cobrado, o produto – e assim começa a caminhar a montanha russa – está localizado em uma estranha posição no mercado. Enquanto é mais barato do que um PC Gamer dedicado, é mais caro do que um XBOX Series S e, ainda, mais em conta do que um Playstation 5. Tudo isso com a possibilidade de jogar um vasto catálogo de games que vão desde os exclusivos para os demais consoles até as raridades indies que estão na loja da Steam.

A subida na montanha-russa

A primeira virada da montanha russa começa – O Steam Deck foi lançado há três anos e durante esse período foi fortemente ado pela Valve, com atualizações que mudaram a fama de “rei dos bugs” que o produto tinha no lançamento. Contudo, ainda é uma viagem com alguns percalços. A primeira vez que liguei o aparelho fui surpreendido com uma instalação corrompida do Steam OS, sistema que carrega o console nas costas. Precisei fazer um reboot manual, que, apesar de simples, poderia assustar alguns usuários mais conservadores. Rebootado, tudo funcionou bem. 

A segunda subida da montanha russa são os games em si. Há uma coleção imensa de títulos para o jogador, mas com um asterisco. Alguns são otimizados pelo Deck – dentre eles, games importantes como os AAA Baldurs Gate 3 e God of War Ragnarok. Outros são classificados como “jogáveis”, como o multiplayer de Halo Infinite e vários outros, incluindo Call of Duty e a maioria dos shooters competitivos do mercado, são completamente não ados. Vale a pena conferir se o seu título favorito funciona antes de se aventurar e gastar uma pequena fortuna para comprar o Steam Deck.

Com uma configuração robusta para seu tamanho, com 16 GB de memória unificada entre a memória RAM e a placa de vídeo e um processador customizado da AMD, o Steam Deck é encontrado no Brasil, grosso modo, em três versões no modelo com tela de LCD. São elas: com 64GB de SSD, com 256GB de SSD e 512GB de SSD. Todas elas com expansão de memória via cartão microSD. Ainda existem os mais salgados modelos com a tela OLED, que começam a ser vendidos a partir dos R$ 5 mil. As configurações são suficientes para se rodar quaisquer títulos, mesmo que nas opções de gráfico com menor capacidade – o que não é exatamente um problema para um portátil.

A descida na montanha-russa

A descida gostosa da montanha russa começa neste ponto. Há uma certa magia em jogar tantos games indescritíveis deitado na cama, ou na fila para o dentista, ou, para os mais ousados, no transporte público. Dura pouco – a bateria em títulos mais intensos não chega às 2h – mas é uma experiência surreal. Durante a minha análise do console, joguei horas e horas de The Last of Us Part 1 sem qualquer problema no desempenho, além de ter jogado uma partida ou outra de Halo Infinite e algumas outras horas de God of War Ragnarok. Também, mergulhei no submundo apocalíptico de Fallout 4 e na besteira divertida que é Rocket League. Tudo sem engasgos ou problemas com compatibilidade.

O Steam Deck é embalado por uma versão customizada do Linux com o Steam OS, e ainda é possível ar, mesmo que aos trancos e barrancos, a versão completa do sistema operacional open source. Daí, os principais problemas de compatibilidade. Enquanto os jogos multiplayer não costumam aceitar bem o Linux devido a barreiras de anticheat, muitos outros games não foram pensados para a plataforma, e precisam quase que serem “emulados” pelo software da Steam, apesar de rodaram nativamente no console.

Outra característica de “montanha russa” do videogame é a inconsistência dos controles entre os games. Há aqueles que usam a configuração padrão de um joystick, que são os melhor otimizados, mas há outros em que você precisará usar os comandos adicionais do Steam Deck, como os trackpads, para simular o uso do mouse. Estes, não funcionam tão bem. Também há games que tem problemas de escala nos diálogos e na interface, com letras pequenas demais para a telinha de 7 polegadas, e outros que, mesmo sendo compatíveis, acabam não funcionando direito, como o clássico do PS3 Heavy Rain, que tem problemas com os controles giroscópicos do console.

Vale a pena ear nesta montanha-russa?

Mas, entre pontos positivos e negativos, vale a pena investir em um Steam Deck no Brasil? A resposta vai variar de acordo com o consumidor. Aqueles que não têm muito problema em fuçar os menus e deixar a experiência em cada game o mais customizada possível não terão qualquer problema com o dispositivo e, se tiverem o dinheiro para comprar, podem ficar sossegados. Usuários mais básicos, contudo, podem ter problemas com as instabilidades e imprevisibilidades do console. Para quem busca um substituto – ou companheiro – para um PC Gamer, o Steam Deck também é uma boa escolha. Quem busca um console redondo e sem preocupações na hora de configurar os jogos, contudo, pode ficar decepcionado com a experiência.