Um carro avaliado em R$ 150 mil, além de dinheiro, cartões bancários, documentos e outros objetos foram apreendidos pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) em uma casa na região da Pampulha, em Belo Horizonte, nesta quarta-feira (4), em operação deflagrada contra uma organização criminosa suspeita de enganar e roubar cerca de R$ 200 mil em empréstimos consignados falsos de pelo menos nove aposentados na capital mineira. Um dos suspeitos do crime movimentou aproximadamente R$ 38 milhões nos últimos dois anos, o que chamou a atenção dos investigadores.
O caso foi apresentado nesta quinta-feira pela corporação. De acordo com o delegado Alessandro Santa Gema, as investigações tiveram início no fim de 2022, após aposentados terem procurado a PCMG para relatar os desvios. O esquema funcionava da seguinte forma: oito trabalhadores da financeira, sediada no Centro da capital e com o a dados de aposentados endividados, procuravam as potenciais vítimas e ofereciam uma solução para o problema: assumir o débito da pessoa, desde que ela fizesse um novo consignado. A questão é que, após a vítima contratar nova dívida, a empresa sumia.
Um carro avaliado em R$ 150 mil, além de dinheiro, cartões bancários, documentos e outros objetos foram apreendidos pela Polícia Civil em uma casa na região da Pampulha, em Belo Horizonte, nessa quarta-feira (4), em operação deflagrada contra uma organização criminosa suspeita de… pic.twitter.com/LTlDPOTbae
— O Tempo (@otempo) June 5, 2025
“Os aposentados relataram que a empresa se comprometia a pagar qualquer dívida que a pessoa tivesse. Além de pagar, também se comprometia a dar um bônus ao aposentado. Para isso, a financeira pegava dados biométricos da pessoa e contraia dívida em um banco, em nome da vítima. Ao receber o valor, essa vítima precisava rear o dinheiro para a financeira, que dava um bônus de R$ 1.200 ao cliente. A financeira, em seguida, começava a pagar as parcelas da dívida. Após dois meses, porém, essa financeira parava de pagar e sumia”, contou Alessandro. Dessa forma, além de ter a dívida original, a vítima ficava com a nova divida.
Financeira é franquia
O delegado explicou que a financeira investigada tem sede em São Paulo, com unidade também no Rio de Janeiro. Apesar disso, até o momento, ainda não há informações sobre vítimas nesses estados e a operação é feita exclusivamente na capital mineira. Em BH, a franqueada está em nome de duas mulheres.
Uma delas relatou à PCMG, em depoimento, que apenas emprestou seu nome para o aluguel do coworking onde a financeira funciona. Já a outra suspeita ainda não foi localizada. A polícia segue a investigação, inclusive para entender a movimentação financeira do marido dessa foragida: o homem, que declarou renda de R$ 1.500, movimentou R$ 38 milhões nos últimos dois anos. A suspeita é que ele seja integrante da organização.
A casa onde foram localizados e apreendidos os bens, incluindo o automóvel, está no nome desse casal, no bairro Conjunto Celso Machado. Ao todo, os itens somam cerca de R$ 200 mil, e serão, no futuro, revertidos judicialmente para ressarcimento das vítimas.
Os investigadores não descartam a possibilidade de que mais aposentados tenham sido vítimas do esquema. Doze boletins de ocorrência somente desse estelionato foram localizados pela corporação, mas somente nove pessoas compareceram e representaram pelo caso.
Orientação
O delegado Alessandro Santa Gema recomenda que aposentados que pretendam fazer empréstimos redobrem a atenção. Ele lembra que, atualmente, a adesão a empréstimos é feita digitalmente, o que é um risco grande.
“Primeira coisa é: cuidado com o que vai . Não tire foto de rosto e de documentos e envie para pessoas que você não conhece. Hoje basta um celular para abrir uma conta. Então, procure saber a índole da empresa, olhe em sites que fazem avaliação dessas empresas. Muitas vezes são empresas novas. É preciso ter muito cuidado”, encerrou.